A Polícia Civil deflagrou nesta sexta-feira uma operação para desarticular uma quadrilha especializada em roubo e furto de veículos suspeita de agir na Região Metropolitana de Porto Alegre e vender para o Rio Grande do Sul e mais nove Estados.
Desde outubro de 2015, o grupo, formado por pelo menos 29 pessoas, teria tido participação direta ou indireta no roubo de aproximadamente 1,5 mil veículos e movimentado aproximadamente R$ 6 milhões. O valor é resultado da execução dos roubos, confecção dos documentos de rodagem e propriedade, adulterações das numerações dos veículos (clonagem) e posterior venda para criminosos de diversas cidades do Rio Grande do Sul e do país.
A chamada Operação Macchina Nostra contou com 200 policiais civis, que cumpriram 22 mandados de prisão preventiva, seis de prisão temporária e 24 de busca e apreensão. A ação ocorreu em 12 cidades: 10 no Rio Grande do Sul (Caxias do Sul. Viamão, Porto Alegre, Alvorada, Gravataí, Imbé, Balneário Pinhal, Santa Maria, Igrejinha e Bagé), além de Blumenau (SC) e Pato Branco (PR). Até as 14h, 22 pessoas haviam sido presas e outras sete permaneciam foragidas. Outros dois suspeitos foram presos em flagrante.
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A Polícia Civil considera o grupo o mais atuante neste tipo de crime no Sul do Brasil, tendo duas células principais, uma em Porto Alegre e outra em Caxias do Sul. Durante a investigação, que ocorreu há um ano, chamou a atenção da polícia o nível de especialização da quadrilha, cujos líderes determinavam até meta diária de roubos: entre cinco e 10 veículos somente na Capital.
– A meta de roubar até 10 carros por dia também foi estabelecida porque os bandidos sabiam da média de 60% de recuperações dos veículos roubados por parte das polícias – ressaltou o delegado Marco Guns, também responsável pela operação.
A quadrilha era tão organizada que, às vezes, roubava somente o mesmo modelo de veículo, já que tinha a garantia de negociação futura.
– Houve perfeita determinação da divisão de tarefas entre os membros do grupo para efetivar o maior número possível de roubos de veículos por dia na Capital e demais cidades da Região Metropolitana – informou um dos responsáveis pela ação, delegado Adriano Nonnenmacher.
Segundo os investigadores, a quadrilha conseguia, inclusive, superar a meta em alguns dias. Consta no inquérito que o líder do grupo chegou a dar ordens para que os bandidos parassem de roubar carros porque não havia local para guardar a frota excedente.
Prisão em condomínio de luxo
O líder da célula de Porto Alegre foi preso no início da manhã em uma mansão em um condomínio de luxo em Viamão, avaliada em R$ 1,5 milhão. O número 2 da quadrilha, responsável pela célula de Caxias do Sul, também foi preso. Na Serra, os veículos eram revendidos para terceiros, mas também ocorriam roubos – pelo menos um crime por semana era atribuído à quadrilha.
O grupo não escolhia o perfil da vítima, e sim o modelo de carro a ser roubado, já que atuava apenas sob encomenda. A quadrilha foi responsável pelos roubos de carros de um delegado da Polícia Civil e de um policial rodoviário federal.
Chamou a atenção da Polícia Civil, ainda, a agilidade do bando para adulterar e negociar os veículos em diversas regiões do Rio Grande do Sul e de outros nove Estados. Os preços variavam entre R$ 5 mil e R$ 15 mil, dependendo do modelo.