Ao chegar ao gabinete, por volta das 7h desta segunda-feira, o prefeito de Cachoeirinha, Miki Breier (PSB), deparou com a porta do gabinete arrombada e o local revirado. Além de terem levado pertences pessoais dele e bens da prefeitura, o ex-deputado estadual e recém eleito para o Executivo encontrou um bilhete "em tom ameaçador". A Polícia Civil iniciou a perícia na prefeitura ainda pela manhã e suspeita que o crime tenha cunho político.
– Fizeram vandalismo, mudaram móveis de lugar e levaram coisas da prefeitura e do prefeito. Mas pelo teor da carta anônima e intimidadora, que questiona atos do prefeito, indicam que seja crime político – afirma o delegado Leonel Baldasso Pires.
Sem divulgar a íntegra do bilhete, Pires diz que "basicamente critica o salário do prefeito" e aponta coisas como o valor da cadeira estofada usada pelo mandatário, que, segundo o autor, vale cerca de R$ 600 reais, o que representa "um salário de servidor". Não há ameaças à vida do prefeito, garante o delegado.
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Impressões digitais foram coletadas na prefeitura e a carta foi levada pela perícia, porque também teria as marcas que podem levar à autoria do crime. A investigação considera de forma preliminar que entre os suspeitos estão servidores municipais.
– Parece alguém (autor da carta) muito resignado. E o prefeito andou cortando gastos, já mandou projetos para a Câmara de Vereadores que atingem os funcionários – esclarece Pires.
O prefeito concorda que o crime deve envolver "disputa política". O que mais o surpreendeu, além do bilhete destinado a ele, foram as condições com que encontrou sua sala, localizada no segundo andar do prédio principal da prefeitura.
– Tinha um chiclete grudado na cadeira, o cara tomou suco de uva e aparentemente comeu um cachorro-quente. Eu tinha algumas coisas frigobar, mas o lanche ele trouxe com ele. Tinha milho sobre a mesa, e sachês de mostarda e ketchup – conta Breier.
Até agora, os servidores notaram que uma televisão e um notebook foram levados de duas secretarias. Além disso, o prefeito conta que sumiram itens pessoais dele, como um perfume e uma caneta tinteiro que havia ganho de presente.
– Ficamos chateados, porque é uma tentativa de intimidação, mas estamos tranquilos – afirmou Breier.