"Positividade" era uma das palavras mais usadas pelo corretor de imóveis Júlio César da Silva, 28 anos, em seu perfil no Facebook.O jovem que estava desaparecido desde o dia 21 de novembro, quando teria sido levado de dentro do escritório onde trabalhava, em Sapiranga, no Vale do Sinos, foi encontrado morto seis dias depois em Estância Velha. O corpo só foi identificado na manhã de sábado, em função do estado avançado de decomposição.
Silva comemorava a boa fase profissional, após ter aberto o próprio negócio. Uma página profissional criada no ano passado, na rede social, era utilizada para divulgar os imóveis dos clientes disponíveis para venda na região. Sociável e sorridente, o garoto compartilhava mensagens positivas, desejos de "boa semana" e recados de fé em seu perfil pessoal. Após a confirmação da morte, amigos deixaram mensagens de pesar e gratidão.
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– Queria deixar registrado que tu foi uma das pessoas mais especiais que eu já conheci! Pura luz! Iluminava tudo com teu sorrisão! E vai continuar iluminando! Porque todo mundo vai lembrar de ti desse jeito! Especial como tu é – escreveu uma amiga.
Outra jovem registrou:_ Júlio querido, a tua passagem por aqui nos ensinou muito e nos deixou apenas coisas boas, sempre muito educado e alegre. Que a saudade seja afagada pela lembranças dos momentos bons, teu carisma e jeito sempre pra frente de ser.
Silva foi sepultado na tarde de sábado, em Sapiranga. O corpo foi encontrado por um morador de Estância Velha que sentiu um forte odor vindo de um matagal no Loteamento Altos da Floresta. A perícia identificou duas perfurações, provavelmente provocadas por arma de fogo, no tórax do rapaz.
O sequestro
No dia em que desapareceu, o pai de Silva ligou no celular dele, mas quem atendeu foi um dos sequestradores. O criminoso exigiu uma grande quantia em dinheiro pelo resgate. O valor não foi divulgado pela polícia.
De acordo com o delegado de Sapiranga, Fernando Pires Branco, que investiga o caso, com apoio do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), as negociações duraram uma semana, mas a polícia suspeita que o jovem tenha sido morto logo no primeiro dia.
Quatro suspeitos foram presos temporariamente por 30 dias. Todos negaram participação no sequestro. O delegado não descarta a possibilidade de haver mais pessoas envolvidas.
– A investigação prossegue, é provável que tenha mais envolvidos – avaliou o delegado.
Segundo Branco, o Vale do Sinos é uma região visada pelos sequestradores em função do poder econômico da região. Ele acredita que o jovem tenha sido escolhido como alvo por ser de uma família com boas condições financeiras. Porém, nenhuma outra hipótese está descartada. Mais detalhes não foram revelados para não prejudicar as investigações.
