Embora a execução de Bruno Dornelles Ribeiro, 24 anos, tenha ocorrido ao lado da rodoviária de Porto Alegre, a busca pelos motivos do crime começou a 580 quilômetros de distância, em São Borja. Segundo familiares, amigos e a própria polícia, o jovem estaria fugindo do município da Fronteira Oeste, que vive uma guerra do tráfico.
Se a motivação do assassinato foi a disputa entre traficantes, o titular da 1ª DP de São Borja, Marcos Ramos Viana, ainda não sabe. No entanto, ele confirma que a vítima estaria andando com integrantes de facções envolvidas com o tráfico. A informação também é sustentada por pessoas próximas a Ribeiro.
Segundo Viana, a guerra foi instaurada há pouco mais de um ano, quando o homem apontado pela polícia como líder do comércio de drogas da cidade, Marcos Martins Antunes, o Marquinhos, foi preso.
– Isso abriu uma disputa pelo espaço que ele dominava. São facções pequenas que se encontram no bairro do Passo, perto do Cais do Porto (de São Borja) – conta o delegado, acrescentando que este é o reduto dos traficantes na cidade, que importam maconha, cocaína e crack da Argentina e do Paraguai.
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Neste último ano, Viana calcula que cerca de 10 pessoas tenham sido executadas por causa da disputa na cidade de 62,9 mil habitantes.
Uma amiga de Ribeiro, que prefere não se identificar, conta que dois amigos dele foram mortos desde o fim de setembro. Ambos morreram próximo ao Cais do Porto.
– É uma lista, já foram três. Ele sabia disso, tanto que várias vezes pedi pra ele largar e ele não ouviu – disse a jovem à reportagem pelo Facebook.
Taiany Dornelles Ribeiro, uma entre os 10 irmãos da vítima, confirma que ele vinha recebendo ameaças.
– Não sabia dessa viagem dele. Só sei que ele já sofria ameaça de morte por parte de uma cara aqui de São Borja – disse a irmã de 22 anos.
Sem ter completado o Ensino Médio e desempregado, Bruno Dornelles Ribeiro morava com a mãe, o padrasto e um irmão mais novo próximo da rodoviária de São Borja, onde ele nasceu. O pai morreu há alguns anos. Uma das irmãs disse à polícia que ele vinha para a Capital em busca de emprego.
Solteiro, gostava de festas e "de causar", conta outra amiga dele, que também pediu para não ser identificada, por medo da guerra do tráfico.
– Ele gostava muito de balada, futebol com os amigos, de ir ao Cais do Porto (por mais arriscado que fosse pra ele). Sempre me fazia visitas no trabalho, coisas de guri mesmo. Era um guri muito gente fina, só quem conheceu sabia – lamentou ela.
Nas redes sociais, Ribeiro mostrava-se um rapaz religioso. Frequentemente, agradecia a Deus pela vida que levava e, em fotos, exibia a tatuagem com os dizeres "Jesus Cristo" no braço esquerdo. Na manhã de segunda-feira, consta a sua última postagem no Facebook: "A lei do retorno NUNCA falha, anota aí".
Veja fotos da morte na rodoviária:
Veja o vídeo: