A falta de vagas no sistema prisional gaúcho faz com que brigadianos e guardas municipais de Porto Alegre deixem o patrulhamento das ruas para fazer custódia de presos. Nesta quinta-feira (20), quatro policiais têm de monitorar criminosos em viaturas.
Na noite de quarta-feira, dois traficantes foram presos armados e com maconha na Paulino Azurenha, na Vila Maria da Conceição. Eles foram levados pela guarnição do 19º Batalhão de Polícia Militar até a 3ª Delegacia de Pronto Atendimento, que não possui vagas. Por causa disso, dois PMs ficaram das 20h de ontem até as 8h de hoje com os presos. Nesta manhã, outros dois brigadianos tiveram de render os colegas, e seguiam custodiando os traficantes até a publicação desta reportagem.
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"A gente fez nosso trabalho. Só não tem cadeia. A cadeia, por enquanto, é a viatura que está aqui e a gente de guarda deles", desabafou o soldado Rodrigo Nunes, do 19º BPM.
Situação semelhante ocorre com dois guardas municipais, que prenderam assaltantes de táxi na madrugada no bairro Passo das Pedras. Eles estão parados na frente da Delegacia de Pronto Atendimento há 10 horas.
O guarda municipal Jairo Bezerra foi até o local próximo das 8h de hoje assumir os presos que estavam sob cuidado dos colegas. "Estamos agora sem saber o horário que vamos sair daqui", afirmou.
O diretor das delegacias de plantão, delegado Marco Antônio Souza, admitiu que não há vagas nem na carceragem do Palácio da Polícia, que já recebe 20 presos. Segundo ele, os detentos ameaçam matar outras pessoas que sejam levadas para lá.
"É uma questão de ordem pública. A gente já tem indícios que podiam causar motim, agredir presos depois. Deixar ingressar mais presos é colocar em risco esses detentos", comenta.
Contatada pela reportagem, a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) afirma que monitora vagas, mas reconhece a superlotação. O órgão espera conseguir resolver o problema ainda hoje.