O Colégio Estadual Engenheiro Ildo Meneghetti, na Rua Eugênio Rodrigues, no bairro Restinga, zona sul de Porto Alegre, amanheceu sem luz, sem internet, com os cadeados arrombados e as salas de aula bagunçadas.
Os professores nem se surpreenderam quando depararam com a escola neste estado. Este foi o terceiro arrombamento desde o fim de semana, o sétimo desde setembro e o 17º desde o início do ano.
Desta vez, os vândalos furtaram quatro computadores onde estavam os registros dos 20 mil ex-alunos. Na madrugada de domingo, antes da eleição, e na madrugada de segunda, após a eleição, os criminosos roubaram mais um computador e dois projetores, cortaram a fiação elétrica dos holofotes do pátio e desativaram o portão eletrônico.
– Fechei a escola ontem (terça-feira) às 22h50min e estava tudo em ordem. Hoje, os alunos saíram em prantos daqui porque a escola tinha sido arrombada – lamentou a diretora Carla Guimarães.
Sem aula
Os 1786 alunos de Ensino Fundamental e Médio não puderam ter aula nesta quarta porque a escola ficou completamente no escuro.
– Roubaram o colégio? Puxa vida, isso é o fim – lamentou Rodrigo Bernardes que levou a irmã de 10 anos para a escola no início da tarde. Acabou voltando para casa com ela, impressionado com a falta de respeito dos criminosos.
Segundo a diretora, os arrombamentos começaram em janeiro com sete casos de vandalismo. Em abril, a unidade foi invadida duas vezes com o agravante de sujarem as paredes com fezes. Em maio, as lâmpadas do pátio foram quebradas. Quatro meses depois, as invasões retomaram.
– A sensação é de impotência. Tu assume a escola com vontade de transformar e prosperar, mas falha. A secretaria de Educação, a de Segurança, todo mundo falha. A diretora não acredita que tenha envolvimento de alunos nos crimes, pois nunca presenciou situações de revolta por parte deles.
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Segurança
Carla pediu à Secretaria Estadual de Educação um guarda para cuidar da escola das 19h às 7h. A secretaria se comprometeu a verificar a possibilidade de contratar um policial militar aposentado por meio de um programa da Brigada Militar que recruta os policiais da reserva. Mas ainda precisa saber se há candidatos. Caso a Brigada não preste o serviço, a secretaria disse que não há possibilidade de contratar uma empresa de vigilância.
Investigação
A delegada Shana Hartz, da 16ª Delegacia de Polícia, assumiu a investigação do caso. Ela procura os responsáveis pelo dano ao patrimônio, furto e arrombamento. Para ela, não é normal que a mesma escola seja vítima de tantos arrombamentos e suspeita que seja algum tipo de retaliação ou vingança contra a instituição ou a administração da unidade.
– É um fato atípico. Estamos apurando se tem alguém que poderia estar querendo prejudicar a escola. Porque eles quebram, bagunçam e sujam. Além do valor econômico tem mais coisas, não é um simples furto.
Outros casos
Em julho, a Escola Estadual Erico Veríssimo, no Bairro Jardim Carvalho, também sofreu com vandalismo que ocorreu durante um fim de semana. Três alunos da escola foram identificados como responsáveis pela invasão e foram apreendidos pelo ato infracional.
A Escola de Educação Infantil Tio Zé, no bairro Santa Tereza, também foi invadida três vezes há pouco mais de um mês. Os criminosos roubaram a merenda e deixaram rastros de fezes.