Estava no Aeroporto Salgado Filho fazendo a cobertura da chegada de Renato Portaluppi ao Grêmio. Ao lado dos demais jornalistas, me posicionei em frente a um portão de acesso ao estacionamento, na parte externa do Terminal 2, local por onde o treinador deixaria o aeroporto e atenderia aos cerca de 50 torcedores que estavam lhe esperando.
A distância para a entrada principal é de cerca de 50 metros. Na rua, um ambiente de festa. Uma celebração pelo retorno do maior ídolo do clube. Por volta das 11h um barulho que imaginei, em um primeiro momento, serem foguetes disparados pelos próprios torcedores. Imediatamente olhei em direção ao terminal e vi pessoas correndo, fugindo desesperadas. Alguns torcedores foram ver o que tinha acontecido e voltaram com a informação de que tiros estavam sendo dados dentro do terminal.
O colega Fernando Gomes, fotógrafo de Zero Hora, que estava próximo ao local, confirmou os disparos. Nesse instante, entrei no ar no programa Chamada Geral e informei que tiros haviam sido disparados dentro do aeroporto. Comecei a descrever as cenas que encontrava pela frente, enquanto me dirigia para a parte interna do terminal. Descrevi o corre-corre, o pânico, o temor das pessoas e a cena da vítima caída no chão. Um jovem baleado a um metro do portão de embarque do aeroporto. Dezenas de disparos. Em seguida, o pai se aproxima do corpo do filho e se desespera em choro, não acreditando na imagem a sua frente.
Funcionários trancados em seus estabelecimentos. Senhoras chorando. Crianças sendo consoladas e levadas às pressas para a rua. Um cenário de tristeza, de perplexidade, de incredulidade. Relatos chocantes. Pessoas esperando para embarcar e sendo surpreendidas com uma cena de guerra, em uma manhã de segunda-feira, em plena luz do dia. O que era para ser uma cobertura com foco em um evento festivo, acabou se transformado em mais uma cobertura de crimes diários em Porto Alegre.