Superlotada por conta da falta de vagas em presídios, a carceragem da 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) do Palácio da Polícia foi interditada após ter a grade de uma das celas quebrada e ser palco de duas tentativas de homicídio.
De acordo com a delegada de plantão Grace Vieira Ramos, da 2ª DPPA, o local está interditado por tempo indeterminado. Na manhã desta segunda, os 14 presos que estavam na carceragem foram levados para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e depois foram transferidos para o Presídio Central. Na Grande Porto Alegre, 50 presos lotam as delegacias.
Nos últimos três dias, duas tentativas de homicídio foram registradas na DPPA do Palácio da Polícia. No domingo, um detento foi ferido após ser deixado nas celas do local. Ele foi atendido no Hospital de Pronto-Socorro e ainda não recebeu alta. Na sexta-feira, outro preso foi agredido no momento em que foi levado às carceragens.
– Os presos estão tentando matar os novos detentos. É uma crise sem precedentes na segurança pública do Rio Grande do Sul – afirma a presidente da Associação dos Delegados de Polícia, Nadine Farias Anflor, que comenta ainda que o acúmulo de presos no Palácio da Polícia gerou o entupimento do sistema de esgoto por três vezes, custando R$ 19 mil aos cofres públicos por cada conserto.
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Os envolvidos no quebra-quebra das celas foram levados ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Segundo a entidade que representa os delegados estaduais, a situação exige que 11 agentes do Grupamento de Ações Especiais (GOE), responsável pela realização de operações nas ruas, cuidem dos presos de diferentes facções. Na sexta-feira passada, 17 detentos chegaram a ser levados para Charqueadas. No entanto, a falta de vagas fez com que eles retornassem a Porto Alegre, fato que teria aumentado a insatisfação.
– Os policiais não têm mais onde colocar os detentos. Se prenderem mais qualquer um, vão ficar dentro das viaturas – afirma a presidente da Asdep, Nadine Anflor.
A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) reconhece a dificuldade e atribui a superlotação de delegacias à falta de vagas no sistema carcerário. Segundo a Susepe, os presos serão removidos logo que surgirem vagas em presídios e penitenciárias, de acordo com o regime de cada detento. O órgão afirma que não há previsão de normalização para o problema.
* Colaborou Bruno Pancot