Com os ânimos mais calmos, o dia seguinte à descoberta da destruição da Escola Estadual Erico Veríssimo, no Bairro Jardim Carvalho, teve clima de recomeço. A diretora, Silvia Faturi, e as funcionárias da coordenação receberam a visita do secretário estadual de Educação, Luís Alcoba de Freitas, do comandante do 20º BPM, tenente-coronel Egon Kvietinski, e de uma empresa especializada em limpeza de produto químico para avaliar os estragos e fazer o levantamento do prejuízo.
O secretário promete correr contra o tempo para viabilizar a recuperação da escola até agosto, quando as aulas devem ser retomadas pelo calendário oficial.
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O limite de verba disponível para contrato emergencial é de R$ 150 mil. Empresas poderão concorrer ao processo por meio de carta convite, que é mais acelerado do que uma licitação convencional (procedimento administrativo público de contratação de serviço ou compra de produto). A secretaria terá de adquirir equipamentos de informática, material escolar, mantimentos e providenciar algumas reformas.
– Ninguém imagina que uma escola que beneficia a comunidade será objeto de um ato dessa natureza. Temos que tentar reconstruí-la rapidamente até o início das aulas – disse o secretário.
A Brigada Militar deve intensificar o ritmo de monitoramento, mas seguindo o mesmo modelo de rondas que já vinha adotando até então.
A escola foi atacada durante o fim de semana. Os vândalos destruíram 30 das 40 salas de aula. Equipamentos de informática, materiais escolares e instrumentos musicais foram destruídos. Também ficou sem água e com problemas de energia elétrica. Mensagens em tom de ameaça foram gravadas em algumas salas. Um notebook, uma câmera fotográfica profissional, dinheiro e um HD externo foram furtados.
Símbolo faz referência à banda
Os vândalos rabiscaram um símbolo em todas as salas depredadas. Os professores perceberam que se tratava de uma mesma imagem já gravada pelos alunos nas mesas de aula, só não sabiam o significado. A suspeita de que a marca poderia ter alguma conexão com facção criminosa foi descartada pela polícia nesta terça-feira.
Segundo o delegado responsável pela investigação, Fernando Soares, o símbolo faz referência a uma banda de rap nacional que é popular entre os adolescentes. A polícia já tem suspeitos e acredita que há alunos envolvidos.
A motivação ainda não está clara, mas há suspeita de represália pelo fato de a escola ter firmado parceria com a BM em projetos sociais e por promover debates sobre violência, ou por alguns alunos terem sido repreendidos de forma mais rígida. Professores chegaram a ser ameaçados em mensagens nas salas do 9º ano.
Violência atinge outras escolas
Além da Erico Verissimo, que antecipou as férias de julho por causa da destruição, outras seis escolas modificaram a rotina com medo da violência. Cinco delas ficam localizadas em bairros da Zona Sul, onde há registro de guerra por causa do tráfico. As escolas Clotilde Cachapuz de Medeiros, Matias de Albuquerque e Anísio Teixeira, no Bairro Espírito Santo, reduziram o horário de funcionamento na semana passada, mas já retomaram as atividades. As escolas Custódio de Mello e Professores Langendonck, na Vila dos Sargentos, Bairro Serraria, anteciparam uma semana de férias. As aulas nas duas unidades também devem iniciar uma semana antes da data prevista.
A Escola Estadual Mariz e Barros, no Bairro Mário Quintana, Zona Norte, decidiu reduzir o horário na terça e na quarta-feira desta semana porque duas professoras e um aluno foram assaltados em frente à instituição.
Em resposta à insegurança vivida pelas comunidades escolares, o secretário Luís Alcoba disse que está tentando viabilizar com a secretaria da Segurança Pública do Estado a integração das câmeras de vigilância das escolas com o centro de monitoramento da polícia para agilizar o atendimento das ocorrências. Não há previsão para implantar a medida.