Quem acha que está com o colesterol sob controle pode se surpreender no próximo exame de sangue. Isso porque a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em conformidade com orientações já adotadas em outros países, diminuiu as taxas de referência para os níveis considerados seguros. A mudança atinge principalmente os valores desejáveis de LDL, o colesterol ruim, e deve fazer com que pacientes com risco cardíaco muito alto tenham de redobrar seus cuidados com a saúde.
Essa pessoas terão, agora, de manter o LDL abaixo de 50 miligramas por decilitro (mg/dl) de sangue – antes, o limite indicado era de 70 mg/dl. Estão no grupo de risco "muito alto" indivíduos que tiveram infarto, derrame ou amputação da perna por doença na artéria, por exemplo.
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As mudanças foram publicadas em uma nova versão das "Diretrizes de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose", documento que reúne as recomendações sobre colesterol e triglicérides para todos os brasileiros. A SBC orienta que os médicos fiquem atentos aos novos valores para indicar o tratamento mais adequado aos pacientes, e explica que os laboratórios também devem mudar os índices de referência nos exames.
– Cada vez mais as diretrizes recentes têm focado no mau colesterol como alvo de tratamento. Antes se dava muita importância para o colesterol bom, os triglicerídeos, o colesterol total, mas agora se viu que o grande vilão é o LDL. Quanto mais baixo, melhor – explica Paulo Behr, médico do Serviço de Cardiologia do Hospital São Lucas da PUCRS.
Pesquisa recente, também da SBC, mostrou que 67% dos brasileiros desconhecem as próprias taxas de colesterol. De acordo com cardiologistas, isso é um risco porque só tendo conhecimento desses valores – e, por conseguinte, sabendo em qual grupo de risco a pessoa se encaixa – é possível saber se o controle está sendo feito de maneira adequada ou se é preciso começar um tratamento.
Com as mudanças que levam a um cerco maior ao colesterol, a intenção de cardiologistas é também provocar mudanças no estilo de vida dos pacientes de alto risco – e incentivar os demais a se informarem sobre a própria saúde. Quem tem maiores chances de desenvolver doenças do coração deverá seguir rigorosamente recomendações de praticar atividade física, manter uma dieta equilibrada e evitar fumar, por exemplo.
NOVOS PARÂMETROS
LDL (colesterol ruim)
Como era - Pessoas com risco cardíaco alto devem ficar abaixo de 70 mg/DL
Como fica - Pessoas com risco cardíaco muito alto devem ficar abaixo de 50 mg/DL
Colesterol total
Como era - Desejável: abaixo de 200 mg/DL
Como fica - Desejável: abaixo de 190 mg/DL
HDL (colesterol bom)
Como era - Desejável: acima de 60 mg/DL
Como fica - Desejável: acima de 40 mg/DL
Exigência de jejum no exame
Como era - Necessário jejum de 12 horas
Como fica - Deixa de ser necessário jejum
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)
Como identificar
Colesterol alto é uma doença silenciosa, portanto a sua identificação ocorre somente por exames de sangue que devem ser realizados a pedido do seu médico. A frequência desses exames varia: até os 20 anos, é recomendado que a consulta seja feita ao menos uma vez, a não ser que haja casos de problemas cardíacos na família, quando a frequência deve ser maior. Depois dessa idade, a realização de exames de sangue deve ser definida com um cardiologista, mas se indica uma consulta a cada, pelo menos, cinco anos para quem tem colesterol normal ou baixo.
Para controlar o colesterol
- Mantenha uma dieta rica em frutas, verduras, legumes e grãos
- Diminua a ingestão de gorduras saturadas e gorduras trans
- Pratique exercícios físicos
- Evite o fumo e o estresse
* Zero Hora, com agências