Seguimos na luta por controlar e reduzir o índice alarmante de obesos no Brasil. Esse número sobe em proporções muito preocupantes. Talvez por essa razão, há poucos dias, foi liberada a prescrição de medicações que alguns acreditam auxiliar nesse processo.
A proposta foi de um deputado e a liberação foi de um político! Só falta eles prescreverem! Isso está pior do que blogueiros e professores de educação física prescreverem alimentação e suplementos.
A situação me fez pensar no quanto as ações na área da saúde estão banalizadas, pois qualquer pessoa, mesmo que com boa intenção, se mete em algo que não tem competência para fazer. Não quero discutir aqui a ação ou os efeitos colaterais das drogas, pois isso não cabe a mim. Mas, sim, perguntar: por que políticos preocupados com a obesidade não incentivam boas práticas alimentares e de atividades físicas? Por que não reduzem impostos de alimentos saudáveis? Não incentivam ações para mudanças de hábitos?
Também não estou aqui para discutir política. Quero, mais uma vez, dizer que a obesidade está relacionada ao estilo de vida. Remédio é apoio temporário, hábito é hábito. Ou muda o que causa a obesidade ou não tem solução. No quesito alimentação, observo duas situações muito claras.
A primeira é a falta de organização para manter uma rotina saudável. Comprar, preparar, variar para manter a alimentação rica e sem monotonia são grandes desafios. Comer saudável custa caro, mas muitas pessoas gastam muito mais em restaurantes e cervejas por aí. Com alimentos da safra dá para organizar sem gastar tanto.
A segunda questão que atrapalha a mudança é o custo emocional. O quanto custa renunciar ao alimento que dá prazer, mas que, se consumido em excesso, aumenta a inflamação, o peso corporal e compromete a saúde. Aqui, não falo tanto da rotina, mas daquelas exceções que se tornaram muito frequentes. O churrasco no dia do futebol, o almoço de família, o aniversário da amiga, a sobremesa na casa da mãe, aquele bifinho à milanesa, o segundo bifinho à milanesa, a cerveja porque o dia foi difícil etc. Assim, ingerimos em quantidades demasiadas o que deveríamos evitar. O excepcional virou a regra.
Comemos muito o que não alimenta e atrapalha, e deixamos de comer o que é fundamental para nos mantermos bem. Isso ocorre em todas as classes sociais.
Procure identificar qual a sua maior dificuldade para criar estratégias: se é a organização da rotina, é por onde começar ou se a maior dificuldade é a vida social. Crie regras para dar limites, como álcool moderado uma vez por semana, doce em pequena quantidade, em tal frequência. Tudo depende de como você se alimenta hoje e o quão comprometida já está a sua saúde. Talvez nem seja o momento de abrir muitas exceções agora, mas hora de correr contra o tempo.
Cada um é um, as necessidades mudam, a conduta também. Mas, com certeza, só tomar remédio, sem mudar hábitos, não dá para apostar nos resultados.