Monitorar o período fértil da mulher com base nos sinais que o corpo dá é um método antigo de contracepção. A novidade é que, agora, a famosa tabelinha ganhou uma versão 2.0: um aplicativo que utiliza algoritmos para indicar o período em que as chances de engravidar são maiores.
Usando informações fornecidas pela própria mulher sobre o ciclo menstrual e mais anotações diárias da temperatura corporal, o Natural Cycles calcula aqueles dias do mês em que a mulher está fértil.
– Os desenvolvedores apenas juntaram dados da mulher com informações da temperatura basal e informaram que o índice de segurança é ótimo. Eles estimam eficácia de 0,5, número semelhante ao anticoncepcional oral, que é 0,3 – diz a ginecologista do Fertilitat - Centro de Medicina Reprodutiva Rafaella Petracco.
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Mulheres adotam métodos não hormonais para fugir dos efeitos das pílulas
Para medir a eficácia de um método contraceptivo usa-se o Índice de Pearl, que prevê a chance de gravidez em 12 meses em uma população de cem mulheres. Quanto menos mulheres engravidarem no período, melhor é considerado o método.
Aplicativo seria mais útil para mulheres que desejam engravidar
Ao medir a temperatura basal, o que deve ser feito todo o dia logo depois de acordar, é possível identificar o período em que a produção de progesterona aumenta. Isso porque o hormônio eleva a temperatura do corpo feminino, sinalizando a ovulação.
– Esse método da temperatura tem percentual de erro de 30% – garante a ginecologista.
Fora a temperatura, o método ainda conta com informações fornecidas pela própria mulher, o que amplia as chances de falha.
– Este aplicativo vende uma ideia ótima, mas, na prática, não é bom. Eu não recomendaria para quem não deseja engravidar. Ao contrário, é muito mais válido para quem quer ser mãe – avalia Rafaella.
Segundo a especialista, a crescente preocupação feminina com os contraceptivos à base de hormônios é desnecessária:
– Temos que ter claro que, mesmo que a gente use mais medicamento, também existem mais pesquisas que garantem a qualidade deles. A pílula tem riscos muito menores hoje e atuam no nosso corpo com menos danos.
Lembrando que qualquer método contraceptivo só tem taxas de eficácia para evitar a gravidez. O preservativo segue como única forma segura de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.