Problemas sexuais, intestinais e do trato urinário, entre outros incômodos decorrentes de tratamentos de tumores com radioterapia, podem se tornar menos frequentes para alguns pacientes que lutam contra o câncer. Ainda nova no Brasil, uma tecnologia que permite aumentar a eficácia do tratamento e reduzir efeitos colaterais começará a ser utilizada no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, ainda na primeira quinzena de janeiro.
– Existem centros de referência que utilizam essa tecnologia no Exterior, mas, no Brasil, seremos os primeiros. Ela abre novas possibilidades de tratamento, porque evita que a radiação afete áreas sadias dos pacientes – diz o chefe do Serviço Médico do Centro de Oncologia, Sérgio Roithmann.
A nova tecnologia consiste em uma radioterapia guiada por imagem, que facilita o rastreamento do tumor, preservando os órgãos mais próximos – no tratamento convencional, a área atingida é mais abrangente. A atuação mais focada é possibilitada pelo implante de cápsulas eletromagnéticas que servem de referência para o direcionamento da radiação.
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Segundo Wilson Jose de Almeida Junior, que coordena a equipe de radioterapia do hospital, o primeiro paciente a ser tratado com essa tecnologia será um porto-alegrense com câncer de próstata. Ele recebeu o implante na segunda-feira, e deve ser submetido à radioterapia guiada por imagem a partir da semana que vem. Outros três pacientes – um deles com câncer de próstata e duas mulheres com câncer de mama – devem ser tratados com a mesma técnica em breve.
– É interessante que sejam pacientes com esses tumores, que são muito comuns no Estado, e em que a radioterapia convencional costuma trazer efeitos colaterais. A precisão é essencial no tratamento – avalia o médico.
Além de proporcionar uma diminuição de sintomas como impotência, incontinência urinária, diarreia e sangramentos, a tecnologia que diminui as margens da radiação em até 70% também corrige a rota em caso de movimentação dos órgãos. A maior precisão permite que sejam aplicada doses mais altas de radioterapia, o que pode gerar resultados melhores no tratamento.
Para realizar o novo procedimento, o hospital investiu alto: adquiriu três exemplares do equipamento necessário à técnica, trazido dos Estados Unidos, a R$ 25 milhões. Na Capital, as primeiras sessões devem ser acompanhadas por médicos norte-americanos, que prestarão assistência à equipe do Hospital Moinhos de Vento.