Pode não ser só um caroço. Pode ser câncer de mama. A cada 24 horas, 156 brasileiras descobrem que têm o tipo de tumor que mais afeta as mulheres – cerca de 22% dos novos casos a cada ano, conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O câncer de mama tem no mês de outubro o período de conscientização sobre o diagnóstico precoce deste mal. O chamado Outubro Rosa também visa desmistificar a ideia de que a doença é sinônimo de morte.
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Sim. O diagnóstico é um baque, tanto para paciente, quanto para as famílias. Mas há cura. O tratamento varia conforme as condições de cada caso, mas, segundo as sobreviventes Graziele Dalla Porta, 34 anos, e Vera Vedovatto, 57 anos, a aceitação é um dos remédios. Depois do período inicial de dúvidas – "Por que eu?", "O que eu fiz para merecer isso?", "Vou morrer?" – elas buscaram no amor pela vida e pela família a coragem para encarar o problema e vencê-lo.
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– A pessoa tem o direito, sim, de se desesperar, de sofrer. Não precisa ser forte, ficar mostrando valentia. Mas entenda o sofrimento, levante a cabeça e encare. Aceite que aquilo é uma provação e aprenda com ela. Só assim você sai dessa – aconselha Graziele, que venceu a doença há um ano.
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O otimismo também ajuda a fortalecer quem enfrenta a doença, já que o tratamento é árduo e interfere na autoestima feminina. Mas Vera conta que a dor pela queda de cabelos foi transformada em graça:
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– Vibrei com cada queda, curti sozinha aquele momento. Recomendo que as mulheres optem por raspá-los. É uma dor a menos. Eu brincava, falava para os filhos (Giovanna e Guilherme) "que vontade de arrancar os cabelos", eu efetuei isso – lembra Vera, que lutou contra o câncer há cinco anos.
Se as quimioterapias, cirurgia e radioterapias submetem o doente a restrições, Graziele e Vera enfatizam que, por meio da convivência com as outras mulheres que passam pela mesma situação, elas (re)aprenderam a viver.
De acordo com Graziele, o câncer lhe mostrou que deveria pensar mais em si.
– A vida não é só trabalhar, ajudar os outros, percebi que deveria dar valor para mim, viver, e buscar realizar meus sonhos, minhas expectativas. Percebi que eu deveria ser feliz a minha maneira – destaca.
Quando questionada sobre o que mudou em sua vida após a doença, Vera é enfática:
– Tudo. Agora valorizo a vida. Eu até digo que agradeço por isto. O câncer não sepulta, as pessoas que se matam. Ele apenas ensina. E eu me tornei uma pessoa muito melhor. Hoje, gosto de quem eu sou, tempos atrás, não gostava de quem eu era: uma pessoa chata, nervosa, reclamona. Hoje, é diferente.
Atualmente, Graziele e Vera realizam tratamentos preventivos. As consultas indesejadas, mas necessárias, renderam a ambas novas amigas, que se reúnem mensalmente para conversar, dividir expectativas, angústias, dúvidas e muitas risadas. Os encontros acontecem na sede da Unimed Preventiva. O próximo está agendado para quinta-feira, às 15h. Para participar, conveniadas podem entrar em contato pelo (55) 3026-6565.
Número de mamografias aumenta em 37% no país
Nos últimos anos, o acesso a exames de prevenção do câncer de mama no Sistema Único de Saúde (SUS) tem avançado. Os dados foram apresentados na última quinta-feira, no Rio de Janeiro, durante o lançamento da campanha nacional do Outubro Rosa do Ministério da Saúde e Instituto Nacional de Câncer (Inca). As mamografias no país cresceram 37%, no comparativo entre os primeiros semestres de 2010 e 2016, passando de 1,6 milhão para 2,2 milhões. Na faixa etária de 50 a 69 anos (faixa etária prioritária), o aumento foi ainda maior no período (64%), saindo de 854 mil para 1,4 milhão de mamografias.
O Inca estima 57 mil casos novos de câncer de mama em 2016. O Sistema Único de Saúde (SUS) garante a oferta gratuita de exame de mamografia para as mulheres brasileiras em todas as faixas etárias, desde que exista recomendação médica. A faixa dos 50 aos 69 anos é definida como público prioritário para a realização do exame preventivo pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde baseado em estudos que comprovam maior incidência da doença e maior eficiência do exame.
Para tratar o câncer de mama, o SUS oferece cirurgias oncológicas (mastectomia, conservadoras e reconstrução mamária), radioterapia e quimioterapia. Em 2015, foram 18.537 mastectomias e cirurgias conservadoras, 2,9 milhões de procedimentos de radioterapia e 1,4 milhão de sessões de quimioterapia, além de 3.054 cirurgias de reconstrução mamária.
Campanha
Para alertar as mulheres e desconstruir os mitos associados ao câncer de mama, o Inca lançou um hotsite específico da campanha. A ideia é informar e conscientizar sobre a doença e proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento para a redução da mortalidade.
São direitos dos pacientes
Além de medicamentos, atendimentos e cirurgias gratuitas, há outros direitos assegurados às pessoas portadoras de câncer de mama:
- Isenção de impostos: Imposto de Renda, IOF, IPI, ICMS, IPVA, além de outros direitos, como transporte gratuito
- Liberação do fundo de garantia: O portador de doença grave também pode sacar o valor depositado no seu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), caso queira
- Cirurgia reconstrutora das mamas