Correção: Um dos aquecedores mais perigosos é o que utiliza gás GLP e não natural, como esta matéria informou entre 15h58min do dia 21 de junho e 9h59min do dia 13 de junho. A informação foi corrigida no texto.
Uma combinação de aquecedor elétrico e ar-condicionado expôs uma família de Passo Fundo a uma situação perigosa. Adriano Corbani, 39 anos, a esposa, Janaína Rogelin, 38, e a filha Lara Corbani, oito, foram encontrados quase desmaiados por terem usado os equipamentos para diminuir o frio. Como os três estavam em uma sala pequena, os aparelhos provocaram a saturação do ar. Por sorte, o marido conseguiu ter forças para pedir socorro pelo WhatsApp ao irmão Osvaldo Corbani, que acionou o 190.
Conforme Osvaldo, os três familiares passam bem. Janaína está internada no Hospital da Cidade de Passo Fundo, mas se encontra em estado estável e fala normalmente. Adriano e a filha Lara já foram liberados e precisam apenas ficar em repouso.
– Graças a Deus não foi nada tão grave, porque eles foram socorridos a tempo. O Samu disse que eles não tinham mais meia hora de vida cada um – descreve o familiar.
Em Passo Fundo, nesta madrugada, os termômetros registraram 4,4°C, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Com o frio, parece convidativo deixar o aquecedor ligado durante a noite, mas fazer isso é extremamente arriscado. Quem diz isso é o sargento Osmar de Moraes, do 7º Comando Regional da Brigada Militar de Passo Fundo. Foi essa unidade que atendeu, junto ao Samu, a família.
Um dos aquecedores mais perigosos é o que utiliza gás GLP. Quando a queima do fluido não é perfeita, ocorre a combustão e a liberação de monóxido de carbono. Inflamável, sem cor ou cheiro, esse gás é um "assassino silencioso". Mas o problema aqui só ocorreria se o aparelho estivesse mal instalado.
– Aquecedores com um botijão embutido podem ser comparados a uma bomba. Já os aparelhos do tipo junker são mais seguros, a menos que a instalação seja malfeita – explica o especialista em energia e eficiência elétrica Paulo Roberto Wander, que também é professor do mestrado em Engenharia Mecânica da Unisinos.
Aquecedores elétricos, mesmo que utilizem cerâmica ou óleo, parecem inofensivos. No entanto, associados ao ar-condicionado, podem elevar muito a temperatura de um ambiente – principalmente se a área for pequena. Para Marcelo Gazzana, chefe do serviço de pneumologia e cirurgia torácica do Hospital Moinhos de Vento, o ideal é que a temperatura não passe de 24°C e que o ambiente esteja ventilado.
– Aquecer demais um lugar pode levar à queda de oxigenação. Isso faz a pressão sanguínea baixar, o que leva à vasodilatação, ao desmaio e ao vômito. Se a pessoa tem problemas respiratórios ou cardíacos, a situação pode ser agravada – afirma.
A ideia de que basta uma bacia de água ou toalha molhada no ambiente para evitar o perigo é mito, segundo Moraes:
– Isso apenas umidifica o ambiente, mas não traz de volta o oxigênio. É preciso deixar uma porta aberta ou uma fresta na janela, porque deve haver algum lugar por onde o ar possa entrar. O ideal é nunca dormir com o aquecedor ligado. Ligar meia hora antes de dormir já aquece o ambiente e elimina esse risco – diz.
Conheça os tipos de aquecedores mais utilizados no inverno e os cuidados que é preciso ter ao mantê-los em casa:
Elétrico
É o aquecedor utilizado pela família de Passo Fundo, conforme o familiar Osvaldo Corbani. O aparelho utiliza uma resistência que aquece e emana calor para o ambiente. É o tipo mais barato, mas o que consome mais energia elétrica. Pode causar queimaduras porque o material também aquece. De acordo com o professor de Engenharia Paulo Roberto Wander, o modelo gasta três vezes mais energia do que o ar-condicionado. É capaz de aquecer o ambiente de forma rápida, o que pode levar à queda de oxigenação. Contudo, não causa queima de oxigênio.
A óleo
É um tipo de aquecedor elétrico. Porém, em vez de o sistema esquentar uma chapa, a resistência aquece o óleo que circula pelo aparelho para, então, elevar a temperatura do ambiente. Segundo Wander, esse aparelho distribui melhor o calor, mas gasta tanto quanto o primeiro tipo.
A gás
O mais perigoso de todos os modelos, segundo o pneumologista Marcelo Gazzana. Em geral, é utilizado em ambientes abertos. Se planejado na construção da residência, o combustível utilizado é o mesmo da calefação. O modelo também é usado para aquecer água do banho ou de torneiras, por meio de um junker que deve ser instalado por especialistas.
Cerâmico
Existe nas versões a gás e elétrica. Nem o professor de engenharia nem o pneumologista indicam o que usa gás GLP: além do risco de explosão, o mau funcionamento pode causar a combustão do fluido e a liberação de monóxido de carbono no ambiente. A versão elétrica aquece a cerâmica, que distribui mais suavemente o calor. Embora consuma bastante energia elétrica, esse aparelho mantém o calor por mais tempo após ser desligado.
Termoventilador
Também é um tipo de aquecedor elétrico, mas utiliza uma ventoinha. Segue a lógica de um ar-condicionado e faz o ambiente aquecer mais rápido.
Lareira
Se a combustão for bem regulada, é um tipo seguro. Para isso, é preciso contar com uma boa instalação, capaz de garantir a expulsão dos gases de dentro do ambiente. Segundo Wander, o tipo de metal é o melhor para residências porque o material fica aquecido, o que segura o calor no ambiente por mais tempo. A manutenção deve ser feita com maior periodicidade, para tirar a fuligem gerada. Esse material forma uma borra que pode entupir o cano por onde sai o gás, o que traz perigos para a saúde de quem respira no ambiente.
Lençol térmico
Para ser seguro, é preciso verificar se o material tem isolamento. Não é ideal para crianças pequenas que ainda têm chances de urinar na cama, pois podem levar um choque.
Ar-condicionado
Equipamentos mais antigos correm o risco de apresentar problemas se o ambiente externo estiver muito frio. O de janela não é indicado quando a temperatura na rua for inferior a 5°C, explica Wander. Já o split ou o inverter são mais eficientes e consomem menos energia elétrica.
Calefação
Precisa de manutenção periódica. Mas, em geral, quando feito por empresas de confiança, é o tipo mais seguro.