Quanto mais palmadas as crianças levam, maior é o risco de elas apresentarem comportamento anti-social, agressividade, problemas de saúde mental e dificuldades cognitivas. Essa foi a conclusão de um estudo feito por pesquisadores da Universidade do Texas e da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos e publicado na revista científica Journal of Family Psychology em abril.
Os pesquisadores se detiveram em estudos feitos nos últimos 50 anos com 160 mil crianças. Eles analisaram resultados associados a surras, palmadas e outros tipos de castigo físico.
– Em nossa pesquisa percebemos que a intenção dos pais ao usar as palmadas não se cumpriu nem imediatamente, nem a longo prazo – explicou Elizabeth Gershoff, professora de desenvolvimento familiar da Universidade do Texas.
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O conceito de palmada utilizado no estudo foi definido como bater de mão aberta no bumbum ou nas extremidades do corpo. Todos os efeitos examinados apontaram resultados prejudiciais às crianças.
– A conclusão é de que a palmada aumenta a probabilidade de uma grande variedade de resultados indesejados para crianças. Apanhando, por exemplo, elas fazem o oposto do que os pais geralmente desejavam – disse Grogan Kaylor, coautor do estudo.
Elizabeth e Kaylor testaram também alguns efeitos a longo prazo entre os adultos que apanharam quando crianças. Aqueles que foram castigados mais vezes apresentaram comportamento anti-social e tinham maior risco de problemas de saúde mental. Eles também foram mais propensos a apoiar o castigo físico em seus próprios filhos.
– Nós sabemos que a palmada e o abuso físico são coisas distintas. No entanto, nossa pesquisa mostra que as crianças que levaram palmadas apresentaram os mesmos resultados daquelas que sofreram abuso, apenas em grau um pouco menor – disse Gershoff.