Começa nesta terça-feira, na Paraíba, um estudo conduzido em parceria com o Ministério da Saúde e o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos para estimar a proporção de bebês com microcefalia associada ao zika, vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A pesquisa deverá avaliar 800 pacientes e terá como ponto de partida a coleta de informações sobre gestantes que tiveram bebês com a má-formação e mães que tiveram filhos sem o problema. Para cada caso de má-formação, serão avaliados outros três da mesma região que não possuem a doença.
Com a estratégia, integrantes do estudo pretendem averiguar o risco de infecção pelo vírus e responder uma pergunta que, desde que o aumento de casos foi identificado no Brasil, atormenta especialistas: qual o risco de uma mulher infectada pelo vírus durante a gestação ter um bebê com a má-formação? Quais outros fatores podem estar relacionados com aumento de casos?
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Os integrantes do estudo deverão realizar nas gestantes exames de zika e outras doenças, para tentar verificar quantos casos estão de fato associados ao vírus e quantos a outros fatores, que tradicionalmente já eram conhecidos. O trabalho deverá ser feito em 50 dias. Paraíba é o segundo Estado com maior número de casos suspeitos de microcefalia no país, atrás de Pernambuco.
A microcefalia é uma síndrome que leva bebês a terem problemas de cognição, locomoção e audição. Até no ano passado, era considerada uma doença rara, provocada por problemas genéticos e infecções da mãe durante a gestação, como citomegalovírus, toxoplasmose, herpes, sífilis. Os casos também estavam associados a alcoolismo da gestante e ao uso de drogas.
Desde setembro, no entanto, os registros de bebês nascidos com problema aumentaram de forma expressiva, levantando à suspeita de infecção da gestante por zika. O vírus chegou ao Brasil no ano passado, provocando, já nos primeiros meses, uma epidemia no Nordeste – justamente a região que, meses depois, começou a apresentar aumento de nascimentos de bebês com a má-formação.