Não sei se estou mais sensível a esse tipo de observação ou se realmente esse é um fenômeno que tem surgido agora, mas o fato é que tenho percebido o quanto, cada vez mais, as crianças estão fazendo questão de falar o que sentem. Nessa minha convivência diária com elas, e principalmente na preparação de datas especiais, como o Dia dos Pais, ouço e leio desabafos de muitas em relação ao tempo que compartilham com os seus.
Nesses últimos dias, ouvi e li doces confissões de crianças que sentem falta de seus pais. Não pela inexistência deles, mas pela ausência consentida e voluntária, sabe? Talvez o pior tipo de ausência.
Sei que se compararmos os pais de hoje com os dos anos 60, por exemplo, ficará nítida uma diferença abissal. Os homens estão muito mais ativos, participativos, interativos. Muitos pais de hoje são mais do que simples progenitores e provedores, são cuidadores. Se envolvem com as crianças e até com as tarefas domésticas.
Porém, será que, apesar dessa redefinição de papéis, a sociedade ainda não vende uma imagem de que o homem bem-sucedido é aquele que preenche seu tempo com trabalho e possui um carro potente? Aquele que pode pagar jantares caros e bancar uma família inteira?
Não me embasei em estatísticas, apenas no testemunho de algumas dezenas de pequenos seres com quem convivo entre aulas e consultório. E, baseada nesse testemunho, digo uma coisa: definitivamente, crianças não precisam de muito dinheiro, nem de muito espaço, muitos brinquedos, muitos passeios, muitas viagens, muitas roupas... Crianças precisam muito de seus pais mais perto!
É o tempo, mais do que a conta bancária, que encanta as crianças e aquece seus corações. É a atenção, mais do que os presentes, que faz dos pais seres imprescindíveis.
Vivemos buscando o reconhecimento social, a ascensão profissional e o progresso financeiro, mas esquecemos que quando nos tornamos pais (ou mães) esses anseios deveriam ser deixados um pouco de lado, pois são necessidades apenas nossas - e já não somos apenas um.