É incrível que, hoje em dia, com tantas inovações tecnológicas, do botox à uva itália sem caroço, não estejamos aptos a escolher o sexo dos nossos filhos. Podemos decidir sobre coisas banais, como o sabor da pasta de dente e xampus para cabelos lisos ou crespos, mas algo importante como o sexo dos nossos filhos é uma coisa que nem a natureza nem a ciência nos concedeu escolher. Só descobrimos no quarto ou quinto mês da gestação, naquela imagem péssima da televisão da ecografia (outra coisa que precisa ser aprimorada pela tecnologia).
Faz diferença se é menino ou menina? Sou pai de duas meninas. Elas são meigas e carinhosas e, se eu tivesse mais mil filhos, gostaria que fossem mil garotas. Mas tenho amigos que têm meninos incríveis, educados e criativos. Meninos são mais práticos, exploram lugares e fazem experiências. Garotos gostam de quebrar coisas, chutar bola em coisas, sujar coisas, pisar em coisas. Acho que eu me divertiria muito com filhos homens. Porém, dizem que meninos são mais ligados à mãe. Meninas são mais ligadas ao pai. Não sei se é verdade, mas gosto de ser o preferido. Vocês, mães de garotos, sabem como é.
Se pudesse escolher, porém, acredito que a maioria das pessoas escolheria ter filhos homens. O mundo é melhor para os homens. Meninos são tratados com mais liberdades, têm menos medo de sair na rua, sofrem menos preconceito e, quando começam a trabalhar, ganham salários melhores. Seria loucura se pudéssemos escolher o sexo dos filhos e mesmo assim escolhêssemos meninas.
Olho para as minhas filhas todos os dias e lembro que um dia irão crescer. Ganharão salários menores? Serão assediadas pelo chefe? Serão tratadas como pessoas frágeis e incapazes? Terão suas intimidades vazadas na internet? Ou teremos evoluído? O mundo será mais seguro para elas? O mundo será mais justo?
Acho que seria uma evolução tecnológica incrível poder escolher o sexo do seu futuro filho. Mas uma outra evolução precisa acontecer antes disso.