Apesar das comprovações científicas sobre os efeitos da hipnose - que a tiraram do universo do charlatanismo - a prática ainda causa controversa entre especialistas, especialmente sobre as suas aplicações. Enquanto alguns defendem que a técnica pode ser usada para recuperar lembranças perdidas e ajudar a superar traumas, outros acreditam que esse processo pode gerar memórias falsas no hipnotizado.
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O psicólogo Michael Nash, professor da Universidade do Tennessee e organizador do livro The Oxford Handbook of Hypnosis, ainda sem publicação no Brasil, recomenda restringir as indicações da hipnose.
- De maneira geral, a técnica pode ser uma parte da solução em casos como o tabagismo, mas não a única. E menos ainda deve ser usada para tratar situações mais graves como esquizofrenia ou depressão profunda. Ela não ajuda, também, pessoas a lembrarem coisas do passado e superarem traumas, já que seu uso nessa área pode gerar memórias falsas - alerta o especialista.
Como a hipnose desconecta o sistema límbico, que é o responsável pela formação e manutenção das memórias, ela poderia deixar o paciente vulnerável a formar lembranças sugeridas pelo hipnotizador, em vez de trazer à tona suas próprias recordações.
Para o psiquiatra Leonard Verea, diretor da Sociedade Brasileira de Hipnose Clínica e Dinâmica, a prática auxilia a resgatar memórias perdidas e, assim, pode ser útil para superar traumas.
- Tudo aquilo que aconteceu desde a fase intrauterina faz parte da nossa memória. Quando, por algum motivo, precisamos recuperar essas informações, utilizamos uma espécie de senha de acesso, e, aí, temos técnica de regressão de idade, que traz memórias antigas para o consciente - afirma Verea.
Conforme o psiquiatra e psicoterapeuta Fernando Portela Camara, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a hipnose deve ser encarada como uma prática auxiliar, sempre associada a outros tratamentos:
- A técnica pode ajudar a pessoa a modificar a percepção de dor e a controlar sensações como ansiedade, o que é benéfico para tratamentos de fobias, por exemplo.
Principais indicações da hipnose
- Preparação para cirurgias em geral
- Dor crônica
- Hábitos indesejáveis, como gagueira e tiques nervosos
- Tratamentos contra tabagismo
- Distúrbios de ansiedade, alimentares e do sono
- Estresse, depressão leve e fobias
- Doenças psicossomáticas
- Problemas de pele
- Quem busca melhorar a performance em concursos, nas artes e nos esportes
Contraindicações
- Psicóticos e esquizofrênicos
- Epilépticos, já que, durante a hipnose, é necessário que todas as áreas de conexões cerebrais funcionem bem
- Cardiopatas graves, devido às fortes emoções e oscilações de batimentos cardíacos
- Pessoas com demências
Como encontrar um profissional
- É importante que o hipnólogo tenha cursos na área e esteja registrado em um conselho, seja de odontologia, medicina, fisioterapia ou psicologia. Essa informação pode ser conferida em cada órgão.