Segundo minha filha de oito anos, ela está em uma situação "complicadíssima". Palavras dela. O fato é que ela tem um namoro não declarado com um menino do prédio (aparentemente, ele não sabe disso), e agora começou a gostar de um outro garoto, no colégio.
- Não quero machucar nenhum dos dois - disse, apreensiva.
Ela não sabe que em situação complicadíssima estou eu, isso, sim. Quer dizer: espero que com bastante conversa, eu possa protelar um namoro sério por pelo menos mais 10 anos (não riam). Mas uma hora eu sei que um garoto suado e de boné, com uma bermuda larga demais e uma tatuagem de dragão no ombro vai me chamar de sogro. E eu já quero estrangular esse rapaz. Mesmo que ele exista apenas neste texto, eu quero estrangular esse rapaz.
- Por favor, meu filho, pra que essa tatuagem de dragão?! Ponha-se já pra fora da minha casa. E, minha filha, pare de chorar!
Porque eu não conheço nenhuma mulher que tenha escolhido um homem correto (exceção da minha mulher). E a razão é simples: as mulheres costumam escolher mal porque as más escolhas são a maioria. A pequena porcentagem de homens educados nesse mundo é terrivelmente ignorada por elas, que não querem namorar o que elas chamam de "caras chatos". Homens educados demais, corretos demais, gentis demais, limpos demais ou sóbrios demais são considerados chatos pela mulher moderna.
Imagino que isso fará com que os homens corretos se transformem cada vez mais em homens incorretos, com tatuagens de dragão no ombro. Questão de sobrevivência. Assim, daqui a 10 anos, minha filha terá pouquíssima opção.
Portanto, estamos eu e ela em uma situação complicadíssima, como ela mesma gosta de frisar. Minha filha, porque não vai querer machucar ninguém.
E eu, porque vou querer machucar a todos.