Antes vistos apenas como animais de estimação, os cães e os gatos tornaram-se parte das famílias. Mas já parou para pensar há quantos anos ele está na sua? Se você se perdeu nas contas, ou lembra do seu filho bem pequeno brincando com ele, prepare-se: brevemente, você terá de enfrentar a velhice do seu amigão.
Especialista em medicina felina e vice-diretora do Hospital de Clínicas Veterinárias, Fernanda Amorim explica que, para os gatos, essa fase da vida começa por volta dos 12 anos.
Para os cachorros, a divisão é um pouco mais complexa, diz a especialista em problemas de comportamento de cães e gatos Ceres Faraco. Por mais estranho que pareça, a fase geriátrica chega mais cedo para os cães grandes, por volta dos sete anos. Os pequenos, como as raças bichon frisé e maltês, envelhecem por volta dos 10 ou 11 anos.
Amigos inseparáveis
Totó e Kovu são de raças diferentes, mas compartilham a mesma dificuldade: chegaram à terceira idade. Enquanto um tem de lidar com injeções diárias para o diabetes, o outro convive com um câncer, que afetou os testículos no início desse ano.
A doença mudou não só a vida dos animais, mas também a das donas. Hye Run Kang e o filho Jonas dividem-se há cerca de um ano nos cuidados de Totó, um maltês de 15 anos que acompanha a família desde "bebezinho".
Segundo ela, o envelhecimento do cão afetou um pouco a rotina da família. Além do diabetes, que diariamente, às 20h, une mãe e filho na luta para aplicar a injeção de insulina, Totó está completamente cego.
- Como ele odeia a seringa, a gente se ajuda. Enquanto eu seguro, o Jonas aplica - conta Hye Run.
A estudante Giulia Goidanich, dona de Kovu, um bichon frisé de 14 anos, compartilha do mesmo sentimento. Tendo o cãozinho como amigo inseparável desde os seis anos, ela não consegue nem pensar que, um dia, ele pode não estar mais na vida dela. No início desse ano, entretanto, o medo a alertou.
- Me assustei bastante, o pelo dele começou a cair, ele ficou mais sonolento. Daí percebi que estava ficando velhinho.
Saúde de dar inveja
- O meu não é nem idoso, é Matusalém.
Dona de Iura, um siamês de 19 anos, Gabriela Jacobsen diverte-se ao falar do companheiro. O bom humor não é em vão, já que o gato não tem nenhuma doença, apesar da idade.
Embora Iura tenha ficado mais sedentário, o envelhecimento do animal não mudou em nada o dia a dia da família. As mudanças foram mais nos hábitos do gato que, agora, toma banho só de talco e sai para a rua três vezes por ano, quando a dona leva-o para fazer os exames no veterinário.
Ele já é um vovô?
Reconheça as marcas da idade no seu mascote por diferentes alterações
>> Metabólicas: ganho de peso, maior sensibilidade ao calor e ao frio.
>> Na pelagem: esbranquiçamento, rarefação de pelos, pele mais seca, crescimento das unhas.
>> Locomotoras: dificuldades para se movimentar, atrofia muscular, artrose.
>> Sensoriais: déficit auditivo, catarata.
>> Gastrointestinais: tendência à diarreia e constipação, dificuldade para digerir os alimentos.
>> No sistema nervoso central: maior agressividade, perda do treinamento higiênico, alterações no sono, latir (ou uivar) para o nada, caminhar sem rumo (sintomas associados à síndrome da disfunção cognitiva).
>> Imunodeficiência: maior suscetibilidade a infecções, ocorrência de neoplasias (câncer).
>> Orais: dificuldade de mastigação, desgaste e perda de dentes.
Alguns cuidados
Como facilitar a vida do seu animal idoso
>> Substituir a ração habitual por outra mais atrativa e de fácil absorção.
>> Estimular os animais mental e fisicamente.
>> Levá-los para passear, para que mantenham contato com outras pessoas e animais.
>> Fazer check-ups geriátricos a cada três ou, no máximo, seis meses.
Vídeo
>> Confira a relação dos donos com seus animais idosos, e a entrevista com a veterinária Elizabeth Lubke, que alerta para alguns sinais do envelhecimento e cuidados que os cães e gatos demandam quando atingem a velhice
Giulia Goidanich e o mascote Kovu, um bichon frisé de 14 anos
Foto: Dani Barcellos