Ao olhar no espelho você tem o costume de reparar no seu corpo? Esse simples hábito pode ajudar a diagnosticar uma doença silenciosa chamada escoliose - um desvio lateral da coluna, que forma uma sinuosidade, geralmente em forma de "S".
Ao olhar a pessoa de frente, é possível perceber a presença do problema. Isso porque ela tende a apresentar os ombros desalinhados - na postura correta, eles devem ser simétricos. Em casos mais graves, a escoliose pode até fazer com que a pessoa manque levemente.
Outra forma de notar o desvio é fazendo com que a pessoa, em pé, abaixe até alcançar o tornozelo, o que evidencia a linha da coluna e seus desvios. Segundo o neurocirurgião formado pela USP e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) Mauricio Mandel, a escoliose pode ter origem neurológica, muscular ou congênita. Na maioria dos casos, não é possível determinar as causas e então se recebe o nome de escoliose idiopática.
- A escoliose idiopática em adolescentes é o tipo mais comum devido à fase do estirão, no início da puberdade, quando há um crescimento rápido, e afeta mais as meninas do que os meninos - afirma Mandel.
Já a escoliose congênita, que é de nascença, acontece devido a um problema na formação dos ossos da coluna vertebral ou na fusão de costelas durante o desenvolvimento do feto.
A neuromuscular, por sua vez, é causada por problemas associados à fraqueza muscular, paralisia cerebral ou distrofia muscular. A escoliose não apresenta sintomas e nem dor, o que prejudica ainda mais o diagnóstico desse desvio na coluna.
Pais, atenção aos sinais
Desde a infância os pais conseguem perceber sinais de que a criança possa vir a apresentar problemas de escoliose no futuro. Ombros com alturas diferentes, cabeça não alinhada diretamente acima da pelve, proeminência da caixa torácica ao dobrar o corpo, cintura desigual ou um quadril levantado em relação ao outro são alguns sinais que indicam a doença.
Além disso, a escoliose avançada pode causar dores na coluna, rigidez, dor depois de um período prolongado sentado ou em pé, dificuldades para respirar e até fadiga.
Mais grave do que você pensa
Quanto maior for a curva inicial da coluna vertebral, maior será a chance de que a escoliose se agrave após a conclusão da fase de crescimento e que cause problemas respiratórios.
Não há necessidade de fazer uma cirurgia nos portadores de escoliose primária com deformidade abaixo de 20 graus; para esse recomendam-se exercícios, a prática de natação e o acompanhamento com um especialista. Adolescentes em crescimento com curvas entre 20 a 45 graus devem utilizar coletes que mantêm a coluna correta.
- Os coletes utilizados são o de Boston, que vão da cintura até as axilas, ou de Milwalkee, que vão da cintura até o queixo. O colete é utilizado até o fim do crescimento ósseo, que ocorre entre 16 a 18 anos nos meninos e cerca de três anos após a primeira menstruação nas meninas - revela Mendel.
Em curvas maiores do que 40 graus, entretanto, é necessário recorrer à cirurgia. Ela visa corrigir a curva e encaixar os ossos dentro dela. Para isso, eles são fixados no lugar correto com uma ou duas hastes de metal presas com ganchos, até que o osso seja recuperado. A incisão é feita por meio de um corte nas costas, no abdômen ou abaixo das costelas. Após a cirurgia o paciente tende a ter uma boa recuperação e levar uma vida saudável.
Por isso, se você notou alguma deformidade na coluna, não hesite em procurar um médico para fazer um diagnóstico. Lembre-se que quanto mais cedo a doença for descoberta, maiores são as chances de correção e menos sofrimento.
Fique de olho!
Cuidado com os desvios na coluna: eles podem ser escoliose
Muitas vezes, os sintomas são percebidos desde a infância e podem causar sérios problemas
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