Morena Ribas dos Santos tem 102 anos comprovados no papel. A família acredita que ela pode ter nascido antes já que, antigamente, os registros nem sempre eram feitos logo que as crianças nasciam. Ao contrário dos avós de antigamente, que, na maioria das vezes, após a aposentadoria começavam a sair pouco de casa, Vó Morena faz parte de uma nova geração de avós. Agora, eles fazem ginástica, vão a grupos de terceira idade, recebem acompanhamento médico para evitar e combater doenças. O resultado? Estão vivendo mais e, segundo os especialistas, melhor do que antigamente.
O último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, mostrou que o país tem cerca de 20 milhões de idosos e que a expectativa de vida está mais alta: 73,5 anos. Mas muito idosos estão indo além e ultrapassando a casa dos 100 anos. É claro que o fenômeno já chamou a atenção dos especialistas. As pesquisas querem descobrir a receita de idosos centenários, como Vó Morena.
Em 78 cidades brasileiras, os idosos representam 20% da população. Delas, 64 são gaúchas, têm pequeno porte populacional - com, no máximo, 11,5 mil habitantes -, e são rurais. Pesquisadores afirmam que a herança genética é um importante fator para determinar o quão cedo (ou tarde) envelhecemos. As investigações têm sugerido que de 25% a 30% da variação da longevidade é determinada pelos genes. Os demais 75% são consequência do que fazemos ao longo da vida.
Brasil deve ser o quinto país mais idoso em 2050
A centenária Vó Morena costura, lê o jornal todos os dias - sem usar óculos -, cuida de suas plantas, cozinha, lava roupa e passeia. E a memória vai muito bem, obrigada! Mais parece uma guria. Teria a idosa que tem 14 filhos, 37 netos, 19 bisnetos e nove trinetos, encontrado a tão sonhada fórmula da longevidade?
- Não descobri nenhum segredo, não - diz, aos risos, a vovó que garante que só o que faz é manter-se sempre muito ativa.
O geriatra Emílio Moriguchi, representante do Brasil no grupo de pesquisa do envelhecimento na Organização Mundial da Saúde, chama atenção para o fato de que o Brasil sempre foi considerado um país de jovens. A preocupação com o envelhecimento vem de, no máximo, duas décadas. Agora, projeta-se que, em 2050, o Brasil será o quinto país do mundo em número de idosos.
O geriatra de Santa Maria Jefferson Aramis Lampert Dressler já notou que a idade de seus pacientes tem aumentado:
- Nunca tive tantos pacientes acima dos 90 anos. Antes, muita gente morria cedo com doenças que hoje são evitadas ou tratadas.
Para o profissional, não existe uma fórmula mágica para chegar à longevidade. Ele afirma que é preciso entender que o dia de amanhã depende do que se faz hoje. Comer de modo equilibrado, gastar energia de modo moderado e controlar o estresse são apontados como ingredientes que podem ajudar a alcançar a longevidade.
Para viver mais e melhor
:: Produza, faça coisas novas, converse, movimente-se
:: Durma bem e descanse
:: Ria, divirta-se, sempre que possível
:: Na terceira idade, é comum aparecerem problemas de saúde. Procure ajuda médica
:: Beba bastante água
:: Mantenha uma dieta saudável e pratique exercícios físicos regularmente
:: Tome cuidado com o estresse. Controle as suas emoções do dia a dia para ter uma vida mais leve e evitar doenças futuras
:: Cative amigos, participe de grupos de terceira idade, não fique só em casa
:: Invista em leituras e programas culturais. O cérebro precisa ser estimulado
:: Procure atividades das quais você gosta e não aquelas que servem apenas para "matar o tempo"
Fontes: Leonardo Pitta, médico geriatra e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e Nir Barz Ilai, diretor do Instituto de Pesquisa do Envelhecimento da Escola de Medicina Albert Einstein (EUA)