O Ministério da Saúde informou nesta segunda-feira (25) que está em construção uma ferramenta para auxiliar na gestão de estoques e compras de vacinas, insumos e medicamentos. Segundo o secretário executivo da pasta, Swedenberger Barbosa, o instrumento ajudará na tomada de decisões com maior rapidez no âmbito da gestão no Sistema Único de Saúde (SUS). Não há data de lançamento até o momento.
— (Atualmente) São sistemas defasados, que não se comunicam e são incompletos. Portanto, são situações que colocam para o gestor uma dificuldade muito grande de agir — disse o secretário.
A plataforma, segundo Barbosa, vai garantir interoperabilidade e atualização dos sistemas, tendo um conjunto de informações colocadas à disposição da União, dos Estados e municípios simultaneamente. Para ele, a ferramenta evitará qualquer embate entre as esferas federal, estadual e municipal, já que os dados serão expostos publicamente.
Em setembro, um estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostrou que 64,7% das 2.415 cidades pesquisadas relatavam falta de vacinas. Na época, o ministério emitiu uma nota técnica apontando problemas com fornecedores.
O Ministério da Saúde quer diversificar fornecedores de vacinas para evitar falhas no abastecimento de imunizantes no país.
Escassez de vacinas
A medida foi anunciada durante coletiva de imprensa para prestar esclarecimentos sobre a escassez de vacinas em alguns locais. De acordo com a pasta, os problemas são pontuais e ocorrem devido a intercorrências de rotina na produção das vacinas.
— Uma ação importante é diversificar os laboratórios fornecedores para termos opções. Essa é uma ação que já está em andamento. Por exemplo, com a varicela (contra catapora), já estamos com três fornecedores, um local e um internacional (o terceiro é a Organização Pan-Americana da Saúde) — afirmou Eder Gatti, diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
A ministra Nísia Trindade fez uma fala inicial, mas deixou a coletiva antes de responder às perguntas dos jornalistas para comparecer a uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seu discurso, ela afirmou que o governo tem a vacinação como "mais absoluta prioridade" e reforçou que assumiu a pasta em um cenário no qual milhões de doses estavam próximas do vencimento, sem controle de estoque.
Nísia afirmou que "há questões pontuais" envolvendo algumas vacinas e que para cada uma delas a pasta tem encontrado soluções, mas negou a existência de desabastecimento:
— O aumento das coberturas vacinais continua como uma realidade. Como tenho afirmado, não se pode falar de desabastecimento de vacina no Brasil, uma prova disso é que nesse sábado ocorreu um Dia D em vários municípios. Seria impossível um dia D de vacinação com desabastecimento de vacinas.
Estoques escassos
Segundo as secretarias estaduais, as vacinas com estoques escassos até o último dia 18 eram: covid-19, varicela (catapora), tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e catapora), febre amarela, DTP (tétano, difteria e coqueluche), dTpa (versão acelular da vacina contra tétano, difteria e coqueluche), HPV (que protege as meninas contra o câncer do colo do útero e os meninos contra o câncer de pênis), meningocócica ACWY (contra os tipos A, C, W e Y de meningite), hepatite A, hepatite B e raiva.