A gestão que comandará o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) entre 2025 e 2027 será escolhida no próximo dia 28. Três grupos disputam o pleito da entidade que representa a categoria médica no Estado.
A chapa 1 chama-se Simers Forte e é representada por Fernando Uberti, 35 anos, psiquiatra e atual vice-presidente do sindicato.
A chapa 2, Simers de Verdade, é encabeçada por Marcelo Matias, 57 anos, ginecologista e obstetra. Ele foi presidente do Simers entre 2019 e 2021.
A chapa 3, Simers Com Você, tem como líder Edson Machado, 69 anos, pediatra e vice-presidente do Simers em 2019.
O pleito será realizado pelo site do sindicato, das 8h às 22h, no próximo dia 28. Há 13 mil médicos aptos a votar. A chapa vencedora assumirá a entidade no dia 1º de janeiro de 2025. Veja mais informações sobre a eleição neste link.
Zero Hora fez as mesmas perguntas para as três chapas. Também foi concedido espaço igual (3 mil caracteres com espaço) e tempo equivalente para a produção das respostas (43 horas). As únicas mudanças nos textos foram adaptações de estilo.
Fernando Uberti, representante da Chapa 1
Cite três prioridades para a próxima gestão
Estabelecer ações que se traduzam em maior remuneração ao médico, em diferentes frentes (criação e reestruturação de carreiras públicas estaduais e municipais, reajustes de honorários de operadoras de saúde, aprovação de novo piso salarial do médico).
Combate à abertura de novas escolas médicas (estratégia jurídica para bloquear novos cursos e exame nacional a egressos).
Maior proteção aos médicos nas relações de trabalho por pessoa jurídica (aprovação do PL 2621/2022, de autoria do Simers, em tramitação no Congresso Nacional).
Quais ações ainda não feitas a chapa pretende implementar para reforçar a defesa da categoria médica?
Maior atuação nacional para mudanças legislativas que possam coibir o exercício ilegal da Medicina. Estabelecimento do Projeto Contrato Seguro Simers (equipe e número de contato exclusivos, no Jurídico da entidade, para avaliação e sugestão de textos de contratos que protejam o médico em suas relações de trabalho). Reforma estatutária que impeça a reeleição à presidência do Simers, fomentando a saudável renovação de lideranças, necessária à continuidade da defesa da categoria nas próximas gerações. Estabelecimento do “Devedômetro”, ranking de bons e maus pagadores de médicos, no setor público e privado. Criação de sede física em Canoas, com diretor médico e advogado presentes diariamente, dada a complexidade do cenário em saúde local.
Quais são as principais propostas para melhorar as condições de trabalho dos médicos no Estado?
Potencializar o Simers + Saúde, projeto que viabiliza alocação de recursos de emendas parlamentares a municípios e hospitais, de acordo com a visão dos médicos. Vistorias frequentes a unidades de saúde em todo o Estado, para avaliar as condições de infraestrutura, equipamentos e insumos, e exigir soluções aos gestores. Rediscussão nacional das bases de financiamento e do modelo operacional do SUS, objetivando maior sustentabilidade financeira do sistema.
Defesa do vínculo de trabalho qualificado ao médico, na forma de carreiras públicas bem estruturadas ou contratos celetistas, em prefeituras e hospitais. Descentralização dos escritórios de advocacia credenciados ao Simers, com atuação local em polos regionais de saúde, nas principais áreas especializadas do Direito. Fiscalização permanente e atuação para aprovar leis que garantam condições de segurança aos médicos em unidades de saúde, assim como punições severas a agressores de profissionais de saúde em seus ambientes de trabalho.
Como a gestão atuará na reconstrução das estruturas de atendimento em saúde atingidas pela enchente?
Propondo e participando de grupos de trabalho com gestores, oferecendo a visão técnica da entidade sobre possibilidades de reconstrução das unidades e do próprio sistema de saúde gaúcho com expansão e qualificação da assistência. Da mesma forma, atuando pela viabilização de recursos necessários a esse processo, assim como pela garantia e valorização do trabalho médico nesse cenário.
Marcelo Matias, representante da chapa 2
Cite três prioridades para a próxima gestão
Nossa prioridade absoluta é defender os médicos e a Medicina. O Simers é o meio para isso, não um fim em si mesmo. Vamos combater, de forma incisiva, a abertura indiscriminada de novas faculdades de Medicina e rejeitar a absurda proposta de exames de recertificação — apoiada pela atual gestão.
Além disso, seremos firmes no enfrentamento ao exercício ilegal da Medicina, que não ameaça apenas os profissionais, mas também a segurança e o bem-estar de toda a população.
Quais ações ainda não feitas a chapa pretende implementar para reforçar a defesa da categoria médica?
Lutar por condições dignas de trabalho e remuneração justa exige coragem. Pra isso, vamos retomar a campanha contra a violência às médicas e médicos gaúchos. E também seremos parte interessada em todos os 23 processos que visam abrir novos cursos de Medicina no Rio Grande do Sul - uma grave omissão da atual gestão. Depois, criaremos as Comissões Especiais para enfrentar a grave crise do IPE, estabelecendo negociações permanentes com o governo e propondo soluções - inclusive legislativas - ao problema.
Aos médicos concursados, propomos a recriação de Grupos de Trabalho para a reformulação da carreira. Estamos prontos para devolver o Simers aos médicos, enfrentando o que for necessário. Nossa chapa é plural, composta por médicos de diversas especialidades e de todas as regiões do Estado, unindo experiência e juventude. Sou médico e professor, atuo na linha de frente da Medicina e conheço profundamente as demandas e necessidades da categoria.
Quais são as principais propostas para melhorar as condições de trabalho dos médicos no Estado?
Durante minha presidência no Simers, criamos a Diretoria de Interior, as diretorias regionais e os núcleos de especialidade, contratamos auditoria externa e ampliamos a certificação ISO. Éramos fortes. Infelizmente, a gestão atual perdeu esse caminho, prometendo agora o que já deveria ter sido feito. Fui perseguido pela atual gestão por me opor a conchavos e ao uso inadequado do sindicato.
Decidi retornar para mudar isso. Vamos implementar o “Devedômetro”, trazendo total transparência sobre municípios e empresas que devem aos médicos. Revisaremos também os convênios com escritórios especializados em Direito Médico, para assegurar uma defesa qualificada aos colegas demandados judicialmente. Estes são apenas exemplos; você pode conferir nossas propostas completas em simersdeverdade.com.br. Se você é médico, visite o site, leia e, se concordar, vote na Chapa 2.
Como a gestão atuará na reconstrução das estruturas de atendimento em saúde atingidas pela enchente?
Com cooperação e cobrança. Vamos pressionar o poder público para soluções rápidas e eficazes, como a valorização do médico, que novamente tornou-se verdadeiro herói em tempos de crise. Como primeiras medidas, propomos a criação de Grupos de Trabalho nas Câmaras de Vereadores, para criar um diagnóstico seguro sobre as estruturas em saúde atingidas pelas enchentes, e a posterior captação de emendas parlamentares, segmentando as prioridades de cada região.
A recuperação dos danos causados pelas enchentes, repito, é só o começo; precisamos ir além. A valorização e o respeito aos médicos são pilares essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade. No final, quem ganha com isso é a própria sociedade.
Edson Machado, representante da chapa 3
Cite três prioridades para a próxima gestão
Alteração estatutária. É urgente que se faça a alteração estatutária, prometida mas ignorada nas duas últimas gestões das atuais chapas 1 e 2, para redesenhar a diretoria, democratizar a gestão, modernizar a administração do Simers e limitar os poderes absolutos do presidente. Instituir um modelo de Governança Corporativa capaz de otimizar a administração e gestão do sindicato, delegando funções administrativas aos executivos e priorizando a representação política aos diretores médicos.
Reformulação Departamento Jurídico. Reformular o jurídico do sindicato qualificando-o, ajustando parcerias, agregando especialidades e priorizando a prevenção e educação com vistas a evitar a judicialização e promover quando necessário, uma defesa ampla, competente e qualificada dos nossos associados.
Resgate da história e credibilidade do Simers. Nas duas últimas gestões, representadas pelas chapas 1 e 2, o sindicato perdeu a identidade, o rumo e o protagonismo muito em função do deslumbramento e inexperiência dos novos diretores que assumiram a entidade após um período de vinte anos ininterruptos da gestão anterior e não souberam o que fazer com o poder quando o conquistaram.
Quais ações ainda não feitas a chapa pretende implementar para reforçar a defesa da categoria médica?
Criar e operacionalizar um catálogo de unidades disponível em um App que tenha informações sobre as condições de trabalho, segurança física, suporte diagnóstico, valores de remuneração e calendário de pagamento do serviço prestado. Retomar a parceria com uma consultoria e assessoria parlamentar em Brasília-DF para o acompanhamento dos projetos de lei de interesse da saúde. Redefinir junto às outras instituições médicas, Cremers e Amrigs, as prerrogativas de cada entidade com vistas a evitar o conflito de competências hoje existentes. Defender as prerrogativas estabelecidas na Lei do Ato Médico impedindo que profissionais de outras áreas realizem atividades privativas de médicos
Quais são as principais propostas para melhorar as condições de trabalho dos médicos no Estado?
Reforçar a luta por uma carreira de estado no serviço público, em substituição ao programa Mais Médicos, que nunca deveria ter sido implantado. Propor e auxiliar na criação de Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos (PCCV) para os médicos a nível municipal. Combater a precarização do trabalho médico. Garantir a segurança física dos profissionais em seus locais de trabalho. Garantir o recebimento dos valores pelo trabalho realizado.
Como a gestão atuará na reconstrução das estruturas de atendimento em saúde atingidas pela enchente?
O Simers terá que articular ações conjuntas com as prefeituras dos municípios atingidos pela enchente para priorizar ações que assegurem a retomada do atendimento com qualidade, segurança e resolutividade para profissionais e pacientes.