Longa espera por consultas, estrutura precária e falta de humanização dos médicos são os principais problemas do sistema de saúde destacados por pacientes gaúchos. O dado é de um levantamento do Instituto Pesquisa de Opinião (IPO) e foi debatido na edição do Zero Hora Talks desta terça-feira (29).
O evento, realizado pelo jornal em parceria com o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), também abordou soluções para a melhoria das estruturas de saúde do Estado.
Participaram da discussão o presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade; a presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do RS, Vanderli de Barros; o presidente da Federação de Entidades Empresariais do RS (Federasul), Rodrigo Sousa Costa; a presidente do Conselho Estadual de Saúde do RS (CES-RS), Inara Beatriz Amaral Ruas; o presidente do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre, Henri Siegert Chazan; o secretário de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter; o conselheiro do Cremers Vinícius Lain; a diretora do Departamento de Gestão da Atenção Especializada (DGAE), Lisiane Wasen Fagundes; e a diretora do IPO, Elis Radmann.
A mediação ficou a cargo da comunicadora do Grupo RBS Rosane de Oliveira, colunista de Zero Hora.
Dos mil gaúchos ouvidos pelo IPO, 43,7% afirmaram que só utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS), 40% mesclam o SUS com convênios particulares de saúde e outros 15,6% declararam que não utilizam o SUS. Inara ressalta que, na realidade, esse número é muito maior:
— A população está equivocada, porque todos nós usamos o SUS. Seja nas vigilâncias ambiental ou sanitária, o SUS permeia tudo isso.
Para os especialistas, os problemas das estruturas de saúde do Estado precisam de atenção dos governos municipais, estadual e federal. Lisiane pontua que as dificuldades apresentadas pelos entrevistados da pesquisa do IPO, como a lentidão no processo de marcação de consultas, por exemplo, não são razoáveis.
— Não é razoável que a população espere longos períodos para marcação de consultas, exames ou cirurgias. A solução para esse problema é um grande desafio, não podemos reduzi-la a um único ente — afirma.
O secretário de Saúde de Porto Alegre acredita que, antes de qualquer coisa, é necessário rever a forma de financiamento do SUS, privilegiando que os impostos fiquem mais nos municípios. Ele cita a importância, também, de revisar as filas para consultas e exames.
— A gente precisa, obrigatoriamente, investir em questões de média complexidade. Colocar especialistas na atenção primária à saúde, com as equipes multiprofissionais dentro das unidades básicas de saúde — acrescenta.
Já para o conselheiro do Cremers Vinícius Lain, as soluções para problemas como a morosidade e o alto custo do sistema de saúde devem ser pensadas com foco na tecnologia. O especialista defende que, para uma melhoria na estrutura, é preciso um sistema de rede conectado e capaz de trocar informações.
— Investir em tecnologia para conectar isso de uma maneira segura é a maneira mais fácil que a gente tem de começar a estruturar o sistema — pontua.
Os participantes também destacaram iniciativas positivas, como o sistema de Gerenciamento de Internações Hospitalares (Gerint), da Secretaria de Saúde de Porto Alegre, e sugeriram ações que podem beneficiar a área da saúde, como a qualificação da telemedicina. Em breve, haverá outras edições do Zero Hora Talks, em parceria com o Cremers.