Declarada, nesta quarta-feira (14), como emergência sanitária global pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a mpox apresenta aumento no número de casos no mundo. O vírus, que chegou a ficar conhecido como "varíola dos macacos", está presente em 13 países.
O decreto leva em conta a ocorrência de casos fora da República Democrática do Congo, onde as infecções aumentam há dois anos.
Confira perguntas e respostas sobre a doença e a situação do Brasil
O que é a mpox?
A mpox é uma doença zoonótica viral. Os sintomas, em geral, incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza.
As lesões podem ser planas ou levemente elevadas, preenchidas com líquido claro ou amarelado, podendo formar crostas que secam e caem. O número de lesões pode variar de algumas a milhares. As erupções tendem a se concentrar no rosto, na palma das mãos e na planta dos pés, mas podem ocorrer em qualquer parte do corpo, inclusive na boca, nos olhos, nos órgãos genitais e no ânus.
Por que foi declarada a emergência de saúde mundial?
A existência de uma nova variante do vírus - chamado Clado Ib - com alta transmissão, inclusive entre crianças, colaborou com a declaração da OMS.
Em quais países há mais preocupação?
O principal foco de preocupação está em países da África, onde, já foram registrados mais de 14,2 mil casos e mais de 450 mortes só em 2024. Esses números indicam um aumento de 160% no total de infecções e um crescimento de 19% no número de óbitos em relação ao mesmo período de 2023.
Na África Central, quatro países da região que não tinham relatados casos anteriormente também confirmaram registros pela primeira vez este ano: Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda. Um total de 68 casos, ainda segundo a OMS.
Qual a situação no Brasil?
Segundo o Ministério da Saúde, em 2024, o Brasil registrou 709 casos confirmados ou prováveis de mpox. O número parcial indica uma queda se comparado ao pico da doença, em 2022, quando foram mais de 10 mil casos notificados. A pasta considera o dado como “bastante modesto, embora não desprezível”.
Como ocorre a transmissão?
A transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animais silvestres infectados, pessoas com o vírus e materiais contaminados.
Quando e onde a doença surgiu?
Foi identificada pela primeira vez em humanos em 1970, na República Democrática do Congo, na África, em um menino de nove anos que vivia em uma região onde a varíola havia sido erradicada em 1968. Desde 1970, foram registrados casos humanos de Ortopoxvirosis simia em 10 países africanos. No início de 2003, também foram confirmados casos nos Estados Unidos, os primeiros fora do continente africano.
Quanto tempo dura o período de incubação?
O período de incubação da doença, enquanto a pessoa está assintomática, costuma se estender de seis a 16 dias, podendo chegar a 21 dias.
Quais os sinais iniciais da infecção?
Os primeiros sinais incluem febre súbita, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, adenomegalia (aumento dos linfonodos do pescoço), calafrios e exaustão. Os sintomas podem durar de duas a quatro semanas.
A manifestação da doença na pele se dá de um a três dias após os sintomas iniciais, com lesões medindo de meio centímetro a um centímetro de diâmetro. As erupções passam por diferentes fases: mácula, pápula, vesícula, pústula e crosta. As lesões evoluem uniformemente.
O que fazer se houver suspeita de infecção?
Em caso de qualquer sinal ou sintoma, evite contato próximo com outras pessoas e procure atendimento médico.
Estou com varíola dos macacos. E agora?
Você deve ser tratado com base nas características específicas do seu quadro clínico. É importante se manter isolado, sem contato com outras pessoas, enquanto tiver lesões na pele - o que influi a fase das feridas com crostas - que também são infectantes. O isolamento poderá ser suspenso quando houver exclusão do diagnóstico pelo médico ou completo desaparecimento das lesões.
Existe vacina? Quem pode se imunizar?
A vacina contra mpox disponível no Brasil é destinada para dois públicos: pré e pós-exposição.
Pré-exposição (PreP)
- Indivíduos vivendo com HIV/Aids (homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais), com 18 anos ou mais, independente do status imunológico identificado pela contagem de linfócitos TCD4
- Profissionais que trabalham diretamente com Orthopoxvírus em laboratórios com nível de biossegurança 2 (NB-2), na faixa etária de 18 a 49 anos
Pós-exposição
- Indivíduos que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas, casos prováveis ou confirmados de mpox, cuja exposição seja classificada como de alto e médio risco, conforme orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), mediante avaliação da vigilância local
Conforme o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), o RS possui um quantitativo de doses remanescentes da vacina contra a doença, já que a adesão do público-alvo foi muito baixa em 2023. No entanto, essas aplicações são destinadas aos contactantes, que são aquelas pessoas que tiveram contato com pessoas infectadas.
Como se prevenir?
- Higienize as mãos com frequência, utilizando álcool 70% ou água e sabão
- Evite contato próximo com pessoas que apresentam sintomas compatíveis com os de varíola dos macacos. Não compartilhem objetos, toalhas ou roupa de cama
- Restrinja, por enquanto, o número de parceiros sexuais
- Indivíduos que tiveram contato com pessoas infectadas devem permanecer atentos a possíveis sinais e sintomas para buscar atendimento e também evitar uma onda de transmissão
Fontes: Ministério da Saúde, Organização Mundial da Saúde, Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade Brasileira de Urologia