O Rio Grande do Sul registrou nova elevação de dados referentes à covid-19. O número de mortes dobrou entre outubro e novembro de 2023. Foram 72 óbitos, contra os 36 do mês anterior, conforme dados atualizados do painel da Secretaria Estadual da Saúde (SES). É apenas uma vida perdida para a doença a menos do que em novembro de 2022.
Quanto aos casos confirmados de covid-19,houve uma leve elevação no RS de um mês para o outro. Foram 11.932 diagnósticos da doença, 301 registrados a mais do que outubro, conforme a SES. A situação, no entanto, é bem diferente de novembro de 2022, quando 33.167 pessoas tiveram contaminação registrada no Estado. Ao todo, desde o início da pandemia, são 3.081.833 casos confirmados e 42.589 óbitos no RS.
Em Porto Alegre, foram registrados 43 casos de covid-19 em novembro de 2023, um a menos do que outubro. Em 2022, houve 122 casos confirmados da doença no penúltimo mês do ano. O Boletim de Vírus Epidemiológico, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que monitora casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), apontou também a diminuição de mortes por covid-19, de 15 para 11, entre outubro e novembro. A Capital registrou, desde março de 2020, 339.919 casos da doença e 6.748 mortes.
Instituições de saúde consultados por GZH relataram diminuição de internações e óbitos em comparação a outros anos. No entanto, os dados referentes a 2023 são considerados de atenção dos especialistas, principalmente no segundo semestre. Entre setembro e outubro, o número de casos confirmados de covid-19 já havia apresentado um aumento de 157,6%. As 11.932 infecções registradas em novembro representam o maior número desde maio, quando mais de 12,5 mil pessoas foram contaminadas no RS.
A SES informa que os dados de novembro ainda não estão consolidados, ou seja, os números podem ter aumento.
Nos hospitais, menos casos graves
No Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), a infectologista Caroline Deutschendorf, coordenadora da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares, identificou uma presença maior de pacientes atendidos com outras doenças e que também apresentam contaminação pelo coronavírus.
— Dizemos que eles têm sido internados com covid, e não, por covid, que é mais raro. A maioria buscou atendimento porque tinha outros problemas e apresentou ter contraído a doença. Não tivemos óbitos em novembro e um número baixo de pacientes internados com este diagnóstico — informou a médica do Clínicas.
A chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, Teresa Sukiennik, percebeu um aumento de casos em novembro, mas que não chega a descrever o cenário como alarmante.
— Temos recebido a procura de pacientes nossos, com situações crônicas, em acompanhamento por conta de outras doenças e alguns casos graves de pessoas com problemas de saúde hematológicos ou oncológicos. Determinados medicamentos quimioterápicos e imunossupressores estão ligados a quadros mais graves de covid-19. Tivemos um óbito, justamente um paciente imunossuprimido — relatou Teresa, informando que o Santa Casa está, no momento, com nove pacientes internados pela doença, sendo dois na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital.
Se imunizar é importante para si mesmo e para os outros grupos da população. Graças à vacinação, tivemos a diminuição da virulência da doença.
PAULO ERNESTO GEWEHR FILHO
Infectologista
Já, no Hospital Moinhos de Vento, foi identificado um declínio nas internações e não houve mortes recentes em decorrência do coronavírus. Segundo o infectologista Paulo Ernesto Gewehr Filho, as infecções são predominantes em idosos e adultos na instituição.
— Há pouquíssimos casos em crianças. No momento, estamos com 11 pacientes em isolamento e dois na UTI — conta.
Gewehr reforça a importância da vacinação, disponível de forma gratuita nas unidades de saúde. Menos de 20% da população gaúcha formada por maiores de 18 anos — que devem receber uma dose de reforço da vacina bivalente — procuraram a aplicação. O índice é considerado baixo.
— Há como buscar informativos, conversar com seu médico e ver onde fazer. Se imunizar é importante para si mesmo e para os outros grupos da população. Graças à vacinação, tivemos a diminuição da virulência da doença. Destaco, ainda, que a vacina é extremamente segura — reforça o médico.
Quem pode se vacinar
Na Capital, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o público apto a receber a vacina bivalente inclui quem tem mais de 18 anos, pessoas com comorbidades, com deficiência permanente ou imunocomprometidos acima de 12 anos, gestantes, puérperas e profissionais de saúde, todos com esquema vacinal primário completo, ou seja, que tenham feito pelo menos duas doses anteriormente. Todas as 134 unidades de saúde de Porto Alegre fazem a aplicação das doses — os endereços podem ser conferidos neste site.
O imunizante contra a covid-19 será incluído no Calendário Nacional de Vacinação a partir de 2024. A recomendação será para crianças de seis meses a menores de cinco anos. Além disso, os grupos com maior risco de desenvolver as formas graves da doença, como idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido, devem ser contemplados de forma anual, mesmo modelo usado para a vacina contra a gripe.