O câncer de corpo do útero (ou endométrio) é um tipo frequente da doença e ocorre principalmente após a menopausa. O principal sintoma é o sangramento uterino anormal após a menopausa. O tema ganhou relevância esta semana após a atriz Marieta Severo anunciar no domingo que teve o diagnóstico. Por conta disso, a atriz fez cirurgia para retirada do útero e dos ovários.
Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é de 7.840 novos casos da doença este ano no país. O endométrio é uma das três camadas do interior do útero, que é o órgão reprodutor feminino, tem o tamanho de uma pera e fica na região da pelve. É o endométrio que sofre alterações estruturais cíclicas durante o ciclo menstrual sob a ação dos hormônios produzidos pelos ovários. O crescimento desordenado de células do endométrio é o que acaba formando os tumores.
A oncologista Fernanda Cano Casarotto, que atua no Hospital Moinhos de Vento, explica que não existe um exame preventivo para a doença. De acordo com a especialista, o principal sintoma é o sangramento uterino anormal após a menopausa ou entre períodos menstruais e dor na pelve. Segundo ela, o principal fator de risco é a obesidade.
— É muito comum nesse período, porque a mulher acha que aquilo é porque está entrando na menopausa. O sangramento fora do esperado tem que ser investigado, porque 90% das pacientes com câncer de endométrio apresentam esses sintomas — afirma.
A especialista afirma que não há um método eficaz para rastreamento da doença. E muitas vezes a paciente acaba dando pouca atenção aos sintomas iniciais.
— O câncer de endométrio não tem exame preventivo. É preciso ficar atento a fatores genéticos e sinais da doença, como corrimento ou dor. Sangramento na pós-menopausa é passível de investigação — destaca.
Ela garante que a maior parte dos casos diagnosticados tem cura.
Maior incidência para 60 anos ou mais
Oncologista do Centro Integrado de Oncologia do Hospital Mãe de Deus, Christina Pimentel Oppermann afirma que a incidência do câncer de endométrio aumenta em mulheres acima de 60 anos. Ela ressalta que outro fator de risco é a exposição ao estrogênio por um longo período da vida, o que resulta no espessamento do endométrio.
Christina, que também é coordenadora do Serviço de Oncologia do Hospital Fêmina, alerta que as mulheres com histórico familiar também ficar atentas, principalmente em casos envolvendo síndrome de Lynch, que é o câncer colorretal hereditário, já que correm maior risco para câncer do endométrio. A doença é incomum em mulheres com menos de 45 anos.
— Não é uma doença típica de mulheres jovens como o câncer de colo do útero — explica, acrescentando que todo o sangramento uterino anormal deve ser investigado.
O diagnóstico precoce, com possibilidade de tratamento cirúrgico, aumenta as chances de cura das pacientes, como no caso da atriz Marieta Severo.
— O útero e os ovários são retirados. Depois, conforme o estadiamento (processo para determinar a localização e a extensão do câncer) e fatores de risco, o tratamento pode ser completado com quimioterapia ou radioterapia — afirma.
De acordo com o Inca, a região Sul registrou 237 dos 1.681 óbitos em 2021 no país, o equivalente a 14,03% do total. O Inca não tem os dados por estados.