Com o resultado final da segunda chamada do edital do 28º ciclo do programa Mais Médicos na última sexta-feira (14), 486 médicos já se apresentaram aos municípios do Rio Grande do Sul (confira no mapa abaixo). O número representa 89,8% das 541 vagas disponibilizadas para o Estado nesse ciclo. Desta maneira, apenas 55 posições ainda estão desocupadas. Os dados são do Ministério da Saúde e foram obtidos com exclusividade por GZH.
A maior quantidade de vagas no RS está em Porto Alegre, que já preencheu 66 das 67 posições disponíveis. Pelotas (20) ainda tem duas vagas disponíveis, assim como Alegrete (12); Gravataí (9) tem uma posição aberta; Bagé (13), Uruguaiana (11), Alvorada (11), Rio Grande (11) e Taquara (10) já preencheram todas as vagas; Caxias do Sul (11), por sua vez, preencheu apenas cinco posições.
Conforme o Ministério da Saúde, a maior parte dos profissionais já começou a atuar nos municípios. Outros 169 precisarão passar por módulos de acompanhamento e avaliação — cursos de preparação para a atuação no programa que são obrigatórios para todos os médicos com registro no Exterior. Outras chamadas do edital seguirão sendo publicadas até que todas as vagas sejam preenchidas, de acordo com a pasta.
Ainda que o cenário aponte uma alta ocupação das vagas, o secretário executivo do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems/RS), Diego Espíndola, pondera que os números costumam apresentar flutuações. Para ele, o maior problema a ser enfrentado é a fixação desses médicos, o que consequentemente impacta a continuidade e a qualidade dos atendimentos.
— Quando um profissional ocupa um espaço, muitas vezes não se fixa por um grande tempo nas unidades de saúde dos municípios. Daqui a pouco esse número já aumenta bastante para os desocupados, porque algum médico consegue outro tipo de trabalho. Acaba que a fixação na atenção básica, principalmente nos municípios de pequeno porte e no Interior, está muito difícil — expõe.
O secretário afirma que, em muitos casos, os profissionais não querem ir para os municípios do Interior, de difícil acesso, rurais, de comunidades quilombolas ou indígenas por motivos como falta de opções comerciais e de lazer, longa distância das capitais, entre outros fatores que dificultam a fixação.
— O que pensamos é que o programa tenha também um acréscimo financeiro, para que possa ter um olhar diferenciado para esses médicos que tenham o perfil de saúde da família, que queiram estar atendendo comunidades em mais municípios do Interior, para que não tenha, a cada três ou seis meses, um profissional saindo e a busca por outro — aponta Espíndola, destacando que a interlocução com a comunidade e com a equipe da unidade de saúde é importante para o programa.
A medida proposta se justifica, na visão do secretário, pelo fato de que os médicos lotados em grandes centros urbanos terão outras oportunidades para complementar a renda, como plantões e outras atividades. Já nos municípios de pequeno porte, essas possibilidades são mais baixas. O Cosems luta ainda para que o programa tenha uma reposição mais imediata dos médicos.
— Tem vários agravantes que precisam resolver o mais rápido possível para melhorar a qualidade e a continuidade do atendimento, que é o que a população gaúcha merece — avalia.
No início de junho, a pasta nacional da Saúde divulgou que mais de 34 mil profissionais se inscreveram no programa Mais Médicos, maior número na história do programa. Além desse edital, o Ministério da Saúde ofertou, na metade de junho, 10 mil novas vagas para o programa. A ampliação ocorre na modalidade de coparticipação de Estados e municípios. Com essa expansão, o programa poderá chegar a mais de 15 mil novas vagas até o fim de 2023.