
O Rio Grande do Sul contabilizou neste ano a metade das mortes por dengue registradas no mesmo período de 2022. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), os dados se referem até a Semana Epidemiológica 19, que se encerrou em 13 de maio. Segundo a SES, o Estado teve 31 óbitos em 2023. No mesmo intervalo do ano passado, foram 63 vítimas fatais - uma redução de 50,79%.
Além disso, o número de casos confirmados caiu quase 75% no mesmo período do último ano. Em 2022, foram 59.868, enquanto em 2023 foram 15.020 registros.
Responsável pelo Programa de Arboviroses (tipos de doenças transmitidas por insetos) do Centro de Vigilância Estadual de Saúde (CEVS), Cátia Favreto afirma que a queda tanto no número de mortes quanto de contaminações pode ser atribuída ao trabalho contínuo realizado pelos municípios no combate à dengue. Ela destaca a importância de as pessoas continuarem atentas.
— Temos 92% dos municípios infestados pelo Aedes Aegypti, então a chance de termos mais casos confirmados é muito maior — explica.
No total, foram 66 óbitos no Rio Grande do Sul em 2022. A maioria (33%) foi de pessoas entre 70 e 79 anos, totalizando 22 casos. Em seguida, a faixa etária de 80 anos ou mais registrou 20 mortes (30%), enquanto a faixa de 60 a 69 anos teve 10 (15%).
Dois casos fatais foram registrados em crianças menores de 14 anos no ano passado. Neste ano, já são três os casos de crianças que morreram de dengue no Estado: um menino de quatro anos, residente de Porto Alegre, sem comorbidades; outro menino de quatro anos, com comorbidade, morador de Lajeado, no Vale do Taquari; e uma menina de 10 anos, residente de Passo Fundo, no Norte, sem nenhuma doença prévia.
Em 2023, uma parcela significativa dos óbitos ocorreu em pessoas com 80 anos ou mais: 13 casos (41,9%). Em seguida, a faixa etária entre 70 e 79 anos teve cinco óbitos (16,1%), e quatro mortes foram registradas em pessoas de 60 a 69 anos (12,9%).
Sintomas e sorotipos
Os principais sintomas da dengue incluem febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor nas articulações e nos músculos, além de mal-estar e vermelhidão na pele, com ou sem coceira. Em casos menos comuns, também podem ocorrer sintomas gastrointestinais, como enjoo e diarreia. A orientação da SES é que as pessoas procurem atendimento médico ao apresentarem os primeiros sintomas.
Catia afirma que o DENV-2, conhecido como sorotipo 2 da doença, possui transmissão e sintomas semelhantes ao tipo 1. A circulação de mais de um sorotipo facilita novas infecções, uma vez que não há imunidade cruzada sustentada entre eles.
— Sempre temos a preocupação com a introdução de um novo sorotipo no Estado, pois isso pode resultar em casos mais graves. Inclusive das mortes deste ano, três confirmaram DENV-2 — relata a especialista.
Em 2023, de acordo com CEVS, foi identificada a circulação dos tipos 1 e 2 da dengue paralelamente nas cidades de Augusto Pestana, Canoas, Cruz Alta, Ijuí, Porto Alegre, Rondinha, Uruguaiana e Viamão. Já o DENV-2 foi identificado em Jóia, Morro Reuter, Panambi e Pejuçara.
Os municípios que apresentaram o maior aumento de casos nas últimas duas semanas, segundo o CEVS, foram Ijuí, Novo Hamburgo, Porto Alegre e Encantado, com uma média de 141 novos registros confirmados. Em relação à incidência, Encantado continua verificando a maior taxa do Estado, com 7.347 casos notificados para cada 100 mil habitantes, seguido por Jóia (5.019), Ijuí (4.980) e Muçum (3.950).