O Hospital Padre Jeremias, de Cachoeirinha, na Região Metropolitana, enfrenta reclamações quanto ao setor de emergência. Moradores denunciam falta de médicos e demora nos atendimentos. A Fundação Universitária de Cardiologia (FUC), responsável pela gestão do local, admite problemas financeiros, mas afirma estar em busca de soluções.
Segundo a FUC, o hospital tem dado prioridade aos casos classificados como “de maior gravidade” nas especialidades de clínica médica e pediátrica, mas não informa desde quando há restrições.
No domingo (23), a professora Maria Helena Oliveira foi levar a mãe, de 91 anos, no setor de emergência porque tinha um abcesso em um dedo da mão direita e se deparou com avisos de que não havia disponibilidade de atendimento pediátrico e clínico. Ela viu as folhas com os dizeres "atendimento pediátrico encerrado" e "estamos sem atendimento clínico" fixados próximos à área para retirar fichas de atendimento.
— Eu já tinha ido na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) antes e desisti porque estava lotada. A enfermeira do hospital disse que iríamos ficar horas esperando e que o médico não iria nos atender. Conseguimos atendimento somente em uma unidade de saúde — explica Maria Helena.
De acordo com a FUC, os cartazes verificados por Maria Helena no final de semana já não têm mais validade. Nesta terça-feira (25), quem estiver em estado grave, tanto em situação clínica ou na pediatria, será atendido na emergência. A gestora do hospital também garante que o atendimento às gestantes segue, assim como ocorre para os pacientes internados.
Problemas financeiros
O Hospital Padre Jeremias recebe R$ 3,497,897,27 mensais para atendimentos 100% SUS, mas a FUC argumenta que o valor não é o suficiente para a manutenção de todos os serviços 24 horas. Os médicos contratados como empresas estão com uma fatura atrasada, com vencimento em março. Alguns desses profissionais teriam deixado de ir atender nesse período. Quanto aos funcionários celetistas, não há atraso no pagamento.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES), por sua vez, informa que o hospital recebe R$ 3,75 milhões mensalmente — valor um pouco superior que o divulgado pela FUC. Do total, segundo a SES, R$ 27, milhões saem do Tesouro do Estado.
Além disso, a nota do Estado (veja abaixo, na íntegra) destaca que Cachoeirinha também conta com uma UPA como porta de entrada de emergência.
Confira a nota da SES na íntegra
“O Hospital Padre Jeremia, de Cachoeirinha, é um hospital público estadual sob gestão da Fundação Universitária de Cardiologia (FUC), tem 101 leitos, atende à média complexidade e recebe mensalmente mais de R$ 3,75 milhões em recursos, dos quais R$ 2,7 milhões são oriundos do Tesouro do Estado. O governo repassa os pagamentos rigorosamente em dia e contrata a prestação de serviços.
Importante destacar que é responsabilidade da instituição responsável pela gestão do hospital a manutenção dos profissionais contratados. Cabe observar que Cachoeirinha não tem somente a porta de entrada do hospital, contando ainda com uma UPA, que atende os casos que são da sua capacidade e competência. Aqueles casos de urgência e emergência que dependem de atendimento hospitalar estão sendo atendidos na instituição.”