Após cem dias de suspensão, a Santa Casa de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, voltou a realizar cirurgias eletivas nesta semana. O serviço não estava sendo feito desde o dia 20 de julho, devido à decisão do corpo médico alegando atraso no pagamento salarial. Nesse período, cerca de 1,2 mil procedimentos foram cancelados, incluindo cirurgias e consultas pré e pós- operatórias. Apenas as operações em pronto-atendimento e UTI permaneceram funcionando.
Na época, o hospital não efetuou os repasses que garantiriam o pagamento integral do mês de maio. Com isso, 31 profissionais realizaram um pedido coletivo de demissão. Desses, 17 voltaram atrás e aceitaram retomar as atividades. Os demais permaneceram fora, mas em razão de uma liminar da justiça, não puderam ser desligados.
Conforme a diretora da Santa Casa, Leda Mariza, o impasse foi resolvido após um aporte de R$ 100 mil, realizado através de emendas da Assembleia Legislativa, que serviu para pagar os médicos em dia. No final de setembro, um acordo foi firmado entre as duas partes, e os 14 médicos que haviam paralisado as operações decidiram voltar ao trabalho, o que ocorre desde a última quarta-feira (5). Além disso, o hospital prometeu quitar outro valor pendente, de dezembro de 2020, em cinco parcelas, a partir de janeiro de 2023.
Agora, a instituição trabalha junto com a prefeitura, interventora do hospital e responsável pelo agendamento dos atendimentos através do Sistema Único de Saúde (SUS), para reduzir o atraso nas cirurgias. A secretaria municipal de saúde iniciou o contato com os pacientes afetados para agendar os procedimentos e as consultas pré-operatórias.
Conforme a diretora, 700 pessoas permanecem na fila para consultas, sendo que 500 se referem a procedimentos cirúrgicos. Ainda não há um prazo para que a demanda seja totalmente suprida.
— Essa lista já tinha um grande represamento em razão do período mais crítico da pandemia. Temos um grande trabalho pela frente — ressalta Leda Mariza.
Para o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), o acordo é satisfatório e representa consideração com a classe médica.
— Ficamos satisfeitos pois prevaleceu o bom senso. O que estava em jogo nada mais é do que dinheiro dos profissionais pelos serviços prestados. Em momento algum foi pedido aumento, mas sim a garantia dos salários — afirmou o médico Luiz Alberto Grossi, diretor de Interior do Simers.
A prefeitura de Santana do Livramento preferiu não se manifestar, reforçando que os assuntos relacionados à Santa Casa são de responsabilidade da instituição.