Com palestras sobre temas como promoção da saúde cardiovascular ao longo da vida, tabagismo, prevenção de doenças cardiovasculares na mulher e medidas preventivas para redução dos fatores de risco para essas enfermidades, o primeiro dia do Congresso Mundial de Cardiologia ocorreu nesta quinta-feira (13), no Rio de Janeiro. O evento retornou ao Brasil após 24 anos e, pela segunda vez, é realizado junto ao 77° Congresso Brasileiro de Cardiologia, no Centro de Convenções Rio Centro. A programação, com diversas atividades nos turnos da manhã e da tarde, vai até sábado (15).
A solenidade de abertura do evento ocorreu por volta das 14h desta quinta, e contou com a presença de autoridades como o presidente da World Heart Federation, Fausto Pinto; o presidente do Conselho Administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), João Fernando Monteiro Ferreira; e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O encontro reunirá, ao longo dos três dias, 15 mil congressistas, que compartilharão pesquisas, estudos clínicos, novas diretrizes, recomendações e posicionamentos, com objetivo atualizar as abordagens para prevenir e tratar doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte no mundo.
Durante este primeiro dia de congresso, o ministro da Saúde anunciou que lançará oficialmente, até o final de outubro, uma portaria sobre a incorporação de uma nova técnica para o tratamento de estenose aórtica no Sistema Único de Saúde (SUS). Conhecida como TAVI, a técnica realiza de forma mais simples e eficaz o procedimento que, antigamente, só era possível com uma cirurgia de peito aberto, extensa e arriscada.
A estenose aórtica é uma doença caracterizada pelo estreitamento progressivo da via de saída do sangue bombeado pelo coração para todo o corpo, que evolui com o passar da idade. Estima-se que 5% da população mundial acima de 75 anos seja portadora da doença - número que pode avançar com o aumento da longevidade. Os principais sintomas são falta de ar e dor no peito, mas não existe tratamento medicamentoso para a estenose.
— Estamos assistindo à evolução de uma doença cardíaca ainda desconhecida pela maioria das pessoas, mas que nas próximas décadas será tão popular quanto infarto — explica o diretor científico da Sociedade Brasileira de Cardiologia e chefe serviço de Cardiologia do Hospital São Lucas da PUCRS, Paulo Caramori.
De acordo com Queiroga, a ideia era lançar a portaria no congresso, mas como se trata de um documento muito técnico, que precisa de uma explicação mais detalhada, a pasta optou por não fazer agora, mas sim durante um evento exclusivamente dedicado a este tema, no Ministério da Saúde. O chefe da pasta ressalta que a TAVI é um tratamento avançado e complexo, por isso, será disponibilizado somente em alguns centros de referência qualificados como A:
— É um núcleo que atende a necessidade da integralidade do país, mas que também tem recursos humanos qualificados para fazer esses procedimentos com autonomia. Devemos, nos próximos 15 dias anunciar a portaria e, com ela publicada, já pode começar a ser realizado nesses centros.
Queiroga destacou, ainda, que o tratamento atenderá aos pacientes de risco mais elevado, que não poderiam fazer a cirurgia de peito aberto e, por isso, estavam afastados de uma possibilidade terapêutica no sistema público de saúde - até agora, a TAVI era realizada somente na rede privada.
— É um primeiro passo. Em um degrau posterior, se amplia os centros que fazem, mas precisa de médicos qualificados para fazer. Então, são etapas para a incorporação — afirmou o ministro.
*A jornalista viajou para o Rio de Janeiro a convite da farmacêutica Novartis