
A vacina contra a dengue do Instituto Butantan induz resposta imune em mais de 90% dos indivíduos que nunca entraram em contato com o vírus, segundo apontou nova pesquisa publicada no dia 15 de março na revista científica Human Vaccines & Immunotherapeutics. O medicamento também induz a geração de anticorpos em 100% das pessoas que já tiveram a doença.
Os resultados se referem à fase 1 do ensaio clínico, realizada nos Estados Unidos, mas a pesquisa já se encontra na fase 3. Esta é a última etapa dos estudos, quando os pesquisadores procuram entender a eficácia do medicamento antes da obtenção do registro sanitário.
De acordo com o Butantan, a fase 3 deve finalizar até 2024. Somente após concluir a última etapa é que a nova vacina poderá ser disponibilizada para a população.
A análise foi feita com 200 adultos que receberam duas doses do imunizante ou placebo, para avaliar a capacidade da segunda dose de aumentar os anticorpos. Após a primeira aplicação, a geração de anticorpos foi de 100% em quem já teve dengue e de 92,6% em quem nunca foi infectado.
Segundo o Butantan, a dose adicional não apresentou diferenças significativas, o que confirma que a administração de uma única dose da vacina é suficiente para produzir resposta imunológica contra a doença.
A vacina contra a dengue do Butantan é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro tipos da doença (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4). Ela é feita com os quatro tipos de vírus atenuados, que são enfraquecidos, induzindo a produção de anticorpos sem causar a doença.
Desde 2010 ,o Butantan, em São Paulo, está debruçado sobre a criação de um imunizante para a dengue, em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID). Com a pandemia, no entanto, o laboratório paulista voltou sua atenção para uma vacina contra a covid-19, que é a CoronaVac.
Em 2016, o São Lucas da PUCRS fechou parceria com o Butantan e tornou-se um dos 14 centros de pesquisa do Brasil que conduzem os testes da vacina contra a dengue. Segundo o hospital, os estudos devem entrar em nova fase neste ano, com recrutamento de novos voluntários em Porto Alegre e Pelotas nos próximos meses.
Se aprovada, a vacina do Butantan contra a dengue não será a primeira em uso no Brasil. Em 2015, a Anvisa aprovou o imunizante chamado Dengvaxia, do laboratório Sanofi-Pasteur. O medicamento é considerado restrito, porque protege apenas contra dois tipos da dengue. Também se verificou que a vacina pode ter reações adversas em quem nunca teve a doença, e chegou a ser contraindicada nesses casos.


