A direção do IPE Saúde se reuniu nesta quinta-feira (24) com representantes dos hospitais, como a Federação das Santas Casas e a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde (Fehosul), para discutir a crise enfrentada pelo plano de saúde. Houve um acordo para revisar as tabelas de diárias e taxas hospitalares, a tabela de medicamentos e os honorários dos médicos para correção do que está defasado. O prazo para elaboração destes ajustes é 20 de abril, de acordo com o IPE.
O problema se agravou quando entidades hospitalares alertaram o governo do Estado de que poderiam suspender o atendimento a cerca de um milhão de segurados do plano, em razão das dívidas. Sobre essa possibilidade, a Federação das Santas Casas afirmou que “tem-se a confiança no processo de negociação que está em desenvolvimento como o melhor caminho para evitar qualquer ruptura”.
Já Fehosul disse que ainda não há definição sobre a interrupção ou não. Em nota, a entidade salientou que “o passivo de R$ 1,1 bilhão que o instituto tem para com hospitais, clínicas e laboratórios, em alguns casos, como em relação aos serviços ambulatoriais, com atrasos superiores a 180 dias, não foi debatido e constitui uma questão ainda pendente de solução”.
Em entrevista nesta manhã ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, o novo presidente do IPE Saúde, Bruno Jatene, argumentou que, em relação ao passivo, metade está dentro do prazo contratual de 60 dias:
— Estamos elaborando um plano de pagamento desse passivo. É importante ter um horizonte para ele. Agora em abril, mesmo diante da implantação das novas tabelas, já vai finalizar de certa forma uma contenção dessas despesas, dando uma certa manutenção na prestação desses serviços. Nós também faremos um aporte, uma liberação de recursos, para o pagamento de parte desse passivo.
Na última quarta-feira (23), o governador Eduardo Leite confirmou que o Piratini deve aportar recursos no IPE Saúde, como medida emergencial para dar conta da crise financeira, que tem como um dos fatores o desequilíbrio entre as despesas e a receita do Instituto.
Conforme reportagem de GZH sobre causas para a crise, o dinheiro que ingressa no IPE Saúde para pagar despesas é gerado a partir do repasse de 3,1% do salário de cada segurado. Para cada servidor, o governo do Estado faz uma contribuição paritária, de igual valor e alíquota. Todo o montante vai para o Fundo de Assistência à Saúde (FAS), usado pelo instituto para quitar as despesas dos segurados com a rede hospitalar. Como vários setores do serviço público estão sem correção salarial desde 2015, a alíquota incide sobre os mesmos valores, defasados ante à inflação, enquanto o custo dos serviços hospitalares aumentou.