Desde que a variante Ômicron foi identificada na África do Sul, cientistas do mundo inteiro estão estudando em detalhes a nova cepa. Uma das primeiras informações constatadas é que a nova mutação do coronavírus é mais contagiosa, mas ainda há muito a ser decifrado.
Em entrevista à BBC, o imunologista, geneticista e conselheiro do governo britânico para covid-19 John Bell disse que os sintomas da Ômicron são "diferentes" das cepas anteriores. Dor de garganta, músculos doloridos, principalmente na região da lombar, nariz entupido e problemas estomacais são possíveis sinais da nova variante.
Segundo Bell, dados da África do Sul e do aplicativo Zoe (que ajuda a reunir pesquisas sobre a disseminação e os sintomas da covid-19 no Reino Unido) mostraram que outros sintomas incomuns da Ômicron incluem "um pouco de mal-estar intestinal, fezes moles".
Médicos na África do Sul também notaram garganta inflamada em vez de dor de garganta, tosse seca, cansaço extremo e suores noturnos. Contudo, a perda do paladar ou do olfato, registrados em inúmeros pacientes que contraíram as variantes anteriores do coronavírus, não parecem estar entre os sintomas dessa variante.
— É uma das características mais interessantes. Parece que (a Ômicron) está se comportando de maneira diferente — afirmou John Bell em entrevista ao programa Today.
Bell acrescentou que, embora algumas coisas sejam conhecidas sobre a Ômicron, outras ainda não foram determinadas pelos dados. Uma coisa que os cientistas sabem, disse ele, é sua alta taxa de transmissão.
— Sabemos que esta é uma variante altamente infecciosa, duas ou três vezes mais infecciosa que a Delta, que era uma variante bastante infecciosa em si. Uma das razões pelas quais está se espalhando pelo Reino Unido tão rapidamente é porque ela é muito, muito contagiosa — complementou.
No entanto, o especialista afirmou que "no momento, não se tem os dados" para saber com certeza se a Ômicron é mais grave do que as outras mutações e as próximas semanas vão responder a questão.
Um levantamento de cerca de 78 mil casos na África do Sul, publicada nesta terça-feira (14) revelou que a cepa está resultando em doença mais branda em comparação com as ondas anteriores. Há 29% menos hospitalizações do que a cepa de Wuhan e 23% em comparação com a Delta.