O Ministério da Saúde desistiu de usar as vacinas contra covid-19 que receberia do consórcio Covax Facility e anunciou, nesta segunda-feira (20), a possibilidade de doação dos imunizantes a outros países. De acordo com o titular da pasta, Marcelo Queiroga, em um primeiro momento serão oferecidas 10 milhões de doses, podendo ampliar o número para até 30 milhões.
— Iremos favorecer operações junto ao mecanismo Covax, de modo a permitir que as vacinas cheguem àqueles que mais necessitam. Iremos também trabalhar junto a nossos vizinhos, mantendo a nossa tradição de cooperação na saúde — disse Queiroga, em evento realizado em Brasília.
Em 2020, o governo federal aderiu ao consórcio liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), criado para promover uma distribuição igualitária de vacinas entre países, principalmente os mais pobres. O contrato previa o recebimento de 42 milhões de doses. Só que, desse total, o Brasil recebeu apenas 13,8 milhões de unidades neste ano (9,1 milhões da AstraZeneca, 842,4 mil da Pfizer e 3,9 milhões da CoronaVac).
O consórcio teve dificuldades em conseguir imunizantes em larga escala e, por isso, as entregas sofreram atraso. Ainda faltaria a chegada ao Brasil de 28,6 milhões de vacinas — é justamente essa quantidade que poderá ser doada para países da América Latina, do Caribe e da África.
O Ministério da Saúde acabou abrindo mão do uso das doses por priorizar contratos feitos diretamente com farmacêuticas e laboratórios, como a Pfizer e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Uma medida provisória será publicada no Diário Oficial da União para autorizar o governo brasileiro a fazer as doações. O Ministério da Saúde será o responsável por definir as quantidades de vacinas e os países a serem beneficiados, mas Queiroga não detalhou quais serão as primeiras nações a receber os imunizantes — o Paraguai, por exemplo, pode ser um dos países na América Latina.