O Rio Grande do Sul chegou ao último dia previsto pelo governo estadual para incluir toda a população adulta na campanha de vacinação contra o coronavírus, nesta quarta-feira (25), com cerca de 85% do objetivo alcançado.
Como há um atraso entre a aplicação das doses e o registro oficial no sistema informatizado, na prática esse percentual pode ser maior. Mas, pelos dados disponíveis até o começo da tarde no site oficial de monitoramento, 85,6% do público "vacinável" havia recebido ao menos a aplicação inicial — conta que abrange adultos e menores de idade com comorbidade e equivale a 67,4% de toda a população. Especialistas consideram esse desempenho satisfatório e projetam novos desafios como ampliação do esquema vacinal completo, oferta de terceira dose e imunização de crianças e adolescentes ainda não contemplados.
O percentual de primeira dose dos gaúchos notificado até o momento fica próximo do patamar de 90%, meta estipulada pelo Ministério da Saúde para enfrentar a pandemia, o que exige a posterior conclusão do esquema vacinal.
— A avaliação é ótima. Reforça o que temos falado: tendo vacina, avançamos mais rapidamente. Temos um percentual de pessoas acima de 18 anos ainda sem primeira dose, mas a preocupação também fica bastante centrada na segunda dose, que é fundamental para termos proteção adequada, em especial nesse momento de maior circulação da variante Delta — observa o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha.
A cobertura vacinal completa superou os 90% em todas as faixas etárias de idosos, com exceção do grupo dos maiores de 80 anos, que ficou quatro pontos percentuais abaixo. Em relação à aplicação inicial, chegou a 89% entre os adultos de 35 a 39 anos e superou o patamar de nove em cada 10 em todas as idades posteriores (veja gráfico com o detalhamento logo abaixo).
— A análise é positiva porque, desde o início do calendário vacinal, o Rio Grande do Sul manteve-se entre os Estados mais avançados. Não há como não reconhecer o protagonismo dos municípios que, por meio de várias estratégias, buscaram vacinar o mais rápido possível e com segurança — opina o presidente do Conselho das Secretarias Municipais da Saúde (Cosems/RS), Maicon Lemos.
O fato de permanecer entre os três Estados com maior avanço na imunização contra a covid não livra os gaúchos de buscar formas de enfrentar antigos e novos desafios. Um deles é seguir ampliando o percentual da população com a primeira dose, principalmente entre faixas etárias mais jovens.
Conforme um levantamento do Conselho das Secretarias Municipais da Saúde (Cosems/RS) concluído no começo da noite desta quarta, 89 dos 497 municípios gaúchos ainda não haviam conseguido avançar a campanha de combate à covid até a faixa etária dos 18 anos – o equivalente a 18% das cidades do Estado. Espera-se que isso ocorra nos próximos dias.
Uma análise da cobertura por faixa etária demonstra que, até esta quarta-feira, 76% do grupo entre 25 e 29 anos já receberam ao menos uma aplicação, e 83% daqueles entre 30 e 34 anos — o que deixa um saldo de pessoas sem proteção adequada a ser solucionado. GZH solicitou uma entrevista sobre o assunto à Secretaria Estadual da Saúde (SES) e encaminhou perguntas sobre que iniciativas seriam adotadas para ampliar a abrangência da imunização de primeira e segunda dose, além de estratégias para as aplicações de reforço, mas a resposta foi de que não seria possível esclarecer essas questões ainda nesta quarta.
— Temos de estimular ainda mais a vacinação de primeira e segunda dose, e temos a notícia de inclusão da terceira dose para grupos mais vulneráveis, que é medida colocada em outros países e será muito importante porque sabemos que vacinas têm tempo de proteção, que vai caindo, e com a Delta precisamos estar com nossos anticorpos no máximo — afirma Juarez Cunha.