O número de doentes com coronavírus em unidades de terapia intensiva (UTIs) públicas e privadas do Rio Grande do Sul alcançou na tarde deste domingo (6) o patamar mais elevado em 41 dias.
O painel estadual de monitoramento indicava 1.855 pacientes às 16h30min. Antes disso, somente em 26 de abril foi registrada uma quantidade maior de hospitalizações, com 1.877 pessoas em condição crítica em razão do vírus.
Nas últimas semanas, apesar de pequenas oscilações, a covid-19 demonstra tendência de alta nas alas de terapia intensiva dos hospitais gaúchos. Em uma semana, houve um crescimento de 3,8% no contingente de hospitalizados. A taxa geral de ocupação, que chegou a superar 88% na sexta-feira (4), teve um ligeiro recuo e se encontrava em 87,6% dos 3.417 leitos disponíveis para todo tipo de paciente grave.
A situação de sobrecarga nas UTIs já afeta várias localidades. Conforme o boletim regional de monitoramento da pandemia deste domingo (com dados atualizados até a véspera), que serve como parâmetro para determinações do sistema 3As, 12 das 21 regiões covid em que se divide o Estado apresentavam mais de 90% dos leitos existentes em uso.
A situação, conforme o boletim, era mais complicada em cinco regiões com número de doentes sob terapia intensiva além da capacidade prevista — o que indica algum grau de improviso e possível prejuízo à qualidade do atendimento. A mais sobrecarregada era a de Cachoeira do Sul, com 155% de demanda. Depois vinham Palmeira das Missões (110%), Santo Ângelo e Passo Fundo (103%) e Caxias do Sul (101%). Uruguaiana estava em 100%.
Na avaliação do infectologista do Hospital de Clínicas e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Luciano Goldani, o cenário nos hospitais é fruto da combinação entre a alta circulação do vírus, proporcionada pela falta de medidas preventivas, e o ritmo ainda lento de vacinação.
— Há um certo relaxamento em medidas de prevenção como distanciamento e uso de máscara. Isso ocorre também porque parte das pessoas já vacinadas começou a aliviar algumas restrições, e isso passa uma sinalização para quem ainda não se vacinou de que também podem fazer o mesmo — observa Goldani.
A média estadual só não é pior porque os municípios da região de Porto Alegre, que concentram a maior parte das vagas de alta complexidade em todo o Rio Grande do Sul, com mais de 1,1 mil leitos, estão com um nível de ocupação ainda comedido — 79,9% conforme o boletim estadual do domingo. Esse percentual contribui para reduzir a média geral do Estado, embora muitas regiões estejam em situação muito pior.
Um dos temores entre especialistas é de que o aumento das vagas de UTI destinadas à pandemia resulte, em um segundo momento, em nova elevação da mortalidade provocada pela covid-19. O acumulado semanal de mortes por cem mil habitantes vem oscilando ao redor de 6 nos últimos dias. Antes do pico de fevereiro e março estava pouco acima de 2 e, no auge da pandemia, chegou a 18 por cem mil habitantes.
Após superar 400 pacientes, internações por covid em UTIs da Capital recuam
Depois de superarem o patamar de 400 pacientes com coronavírus em unidades de terapia intensiva na sexta-feira (4), os hospitais de Porto Alegre apresentaram um leve recuo no número de internações provocadas pela pandemia durante o final de semana.
Até as 16h30min deste domingo, o painel de monitoramento da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) indicava 373 doentes em estado crítico, em comparação aos 407 registrados na sexta.
Em comparação a domingo da semana anterior, houve um decréscimo de 3,6% na quantidade de pacientes em estado crítico. A situação, porém, está longe de ser confortável. Além do nível ainda muito elevado de pessoas em estado grave com coronavírus, a taxa geral de ocupação das UTIs por todo tipo de complicação de saúde estava em 88,6%.
Cinco hospitais estavam com taxa de ocupação em 100% ou acima disso: HPS (112%), São Lucas (106%), Ernesto Dornelles (105%). Mãe de Deus e Restinga estavam no limite da capacidade.