Apesar de 127 municípios gaúchos terem relatado que receberam lotes da vacina CoronaVac com menos doses do que o indicado nos protocolos, tendo, inclusive, encaminhado reclamações à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, garante que não há falhas no processo de envasamento do imunizante.
Em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta terça-feira (13), Covas argumentou — na mesma linha de uma nota enviada nesta semana pelo Instituo Butantan sobre o assunto — que a redução de doses está associada a problemas técnicos na hora da retirada das doses, dentre eles o uso de seringas inadequadas. Segundo ele, cada frasco contém até 11 doses, " a fim de permitir que sejam retiradas 10 doses úteis".
— É de responsabilidade dos municípios treinar seus aplicadores, porque as doses que estão lá (nos frascos) são mais do que suficientes. A técnica para retirada é fundamental. O uso de seringas inadequadas, de grande volume, dificulta a operação. Cada frasco passa por um rigoroso controle de qualidade, é pesado, garantindo o conteúdo. Essas informações são decorrentes da utilização incorreta. O (Instituto) Butantan está fornecendo material educacional. Isso contrasta com outros municípios que estão tendo rendimento superior a 100% — afirmou o diretor do instituto ao programa Gaúcha Atualidade.
Covas também comentou sobre a limitação enfrentada pelo Instituto Butantan quanto à dependência de insumo farmacêutico ativo (IFA) vindo da China. Na última semana, sinalizou-se que a instituição poderia interromper a produção de imunizantes por falta de matéria-prima importada.
— O (Instituto) Butantan está produzindo essa vacina na sua capacidade máxima, próximo de 1 milhão de doses por dia. Agora, o problema principal não é a capacidade de produção, mas a disponibilidade de matéria-prima, dependemos da matéria-prima que vem da China, isso nos limita — disse.
Covas atribuiu o impasse relacionado aos insumos ao fechamento tardio de contratos com o governo federal.
— Na realidade, os contratos que o Ministério da Saúde fez com o (Instituto) Butantan foram tardios. O primeiro, assinado em 7 de janeiro, o segundo no final de fevereiro. Óbvio que isso atrasa, o mercado mundial de vacinas está aquecido. Isso limitou a oferta em termos de volume, estamos tentando adiantar o cronograma, mas o mundo inteiro está atrás de vacinas e o Butantan faz a sua parte — afirmou.