A Fundação Hospitalar Santa Terezinha de Erechim, no Norte gaúcho, recebeu uma ajuda inesperada para seguir nos esforços de combate à covid-19. Uma adolescente de 14 anos, moradora da cidade, decidiu doar parte de suas economias e repassou um total de R$ 200 à instituição.
A ideia de Kelly Cristine Brondani surgiu a partir de uma atividade escolar. Aluna da Escola Municipal Othelo Rosa, ela recebeu uma série de questionamentos sobre o período da Páscoa. Uma delas inspirou a menina:
— A última questão dizia: "Qual é o seu gesto concreto nesta Páscoa"? Eu disse para minha mãe que meu gesto seria doar uma parte da minha economia para uma entidade. Não sabia para qual doar, e minha mãe disse que os hospitais já estão cheios, que está faltando insumos e equipamentos de proteção. E então eu disse: "Já sei para qual entidade eu vou doar!"
A menina, que é deficiente visual, pediu que a mãe contasse o dinheiro que guardava em sua carteira. Do total de R$ 400, ela decidiu doar a metade. A quantia foi entregue no hospital na última segunda-feira (29).
O valor estava sendo reunido para uma festa de 15 anos, idade que a jovem completa em 10 de outubro — a família torce para que a situação epidemiológica melhore e seja possível fazer algum tipo de comemoração. Apesar de ter guardado o dinheiro para este fim, Kelly não ficou triste em se desfazer de parte dele:
— Não fiquei nem um pouco triste. Fiquei feliz, muito feliz. Senti alegria, gratidão, prazer em doar. Quando eu receber mais, vou querer doar mais vezes.
A adolescente mora com os pais Anelise e Everaldo e com a irmã Carolina, de oito. Toda a família ficou emocionada com o gesto:
— Quando ela falou aquilo para mim, eu perdi o chão. Foi ideia dela, eu nunca falei para fazer coisa nenhuma. Eu perdi o chão, desabei no choro. Foi uma emoção muito grande, tanto para mim quanto para o pai dela — conta a mãe.
Diretor se diz emocionado com o gesto
Diretor-executivo do hospital, Rafael Ayub diz ter ficado emocionado com o gesto de solidariedade. Apesar de o hospital lidar com grandes cifras, a doação simbólica de Kelly trouxe felicidade e esperança à equipe:
— Nós recebemos frequentemente doações de lanches, bolos, doces e cartões. Mas um recurso assim, com esta história linda, foi o primeiro. A história da Kelly, que teve também incentivo da escola, emocionou todo mundo. Os funcionários se sentiram muito agradecidos.
Como forma de agradecimento, Kelly recebeu dois certificados, sendo um deles em braile, e também um colar com um pingente em forma de coração.