O Instituto Butantan e a Fiocruz já entregaram à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 100% dos documentos necessários para liberação do uso emergencial das vacinas contra a covid-19 no Brasil. A diretoria colegiada da Anvisa fará reunião neste domingo (17) para decidir sobre a liberação ou não da CoronaVac e da vacina Oxford/AstraZeneca, cujos imunizantes serão distribuídos no país por Butantan e Fiocruz, respectivamente.
Nos últimos dias, a Anvisa ainda cobrava a apresentação completa de documentos para avaliação. Neste sábado (16), conforme dados atualizados no painel da agência sobre andamento da análise das vacinas, 44,86% dos documentos da CoronaVac já haviam sido analisados, enquanto 55,14% estavam em análise. No caso da vacina de Oxford/AstraZeneca, 49,45% do processo estava concluído e 50,55% estava pendente.
O Ministério da Saúde vem afirmando que, caso a Anvisa aprove o uso emergencial das vacinas neste domingo, a vacinação em todo o país começaria já na próxima quarta-feira (20).
Às vésperas do início da campanha, no entanto, houve um acirramento da guerra política em torno das vacinas. A Índia informou na sexta-feira (15) ao Brasil que não pretende atender agora o pedido para liberação de 2 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca/Oxford. O país asiático alegou "problemas logísticos" para liberar a carga ao Brasil.
A notícia frustrou o governo de Jair Bolsonaro, que aposta na AstraZeneca/Oxford para se contrapor à CoronaVac — vacina chinesa ligada ao Butantan, do Estado de São Paulo, comandado por João Doria (PSDB).
Com a negativa dos indianos, o Ministério da Saúde solicitou a entrega "imediata" de 6 milhões de doses da CoronaVac pelo Instituto Butantan. Em ofício, a pasta afirmou que não há "previsão contratual de distribuição das doses de vacina a ser realizada diretamente pela Fundação Butantã". E disse que é "sua responsabilidade" a "atualização e coordenação do plano nacional de operacionalização da vacinação contra a covid-19".
O Butantan, por sua vez, questiona o Ministério da Saúde sobre a quantidade de doses que serão destinadas especificamente a São Paulo. O instituto afirma que poderia, assim, destinar as vacinas diretamente para a Secretaria Estadual de Saúde.