O aumento nas internações em leitos clínicos e de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) motivou o governo do Estado a classificar Porto Alegre e outras seis regiões na bandeira vermelha do modelo de distanciamento controlado — a capital voltou à bandeira laranja após recurso da prefeitura. A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, chegou a alertar que os gaúchos relaxaram o cumprimento dos protocolos de distanciamento e passaram a se aglomerar mais, sobretudo após o aumento das temperaturas.
Coordenadora do Comitê de Crise do governo do Estado, Leany Lemos explica que a capital gaúcha recebeu bandeira vermelha na última sexta-feira (13) porque demonstra piora há duas semanas nas hospitalizações por coronavírus — o diagnóstico é contestado pela prefeitura, que vê estabilidade.
Leany observa que, com o crescimento das internações, a lógica é que as mortes aumentem daqui a algumas semanas. Um fator, porém, pode afetar essa tendência: se o aumento de casos for entre jovens, menos suscetíveis à doença em comparação com idosos.
— Houve em agosto um momento mais crítico, depois reversão em setembro e estabilização em outubro. Mas, há duas semanas, percebemos que houve uma mudança de cenário e os casos começaram a subir em todas as regiões. Na Metropolitana, assim como na Missioneira, não é um crescimento superagressivo nem pior do que em julho e agosto, mas é consistente — afirma.
A gente vinha fazendo flexibilização quando vinha caindo. Vamos observar para ver se tem que suspender por aqui. O governo pode acionar restrições mais rígidas
LEANY LEMOS
Coordenadora do Comitê de Crise do governo do Estado
Questionada sobre o que o Estado fará para evitar que a situação piore a ponto de chegar a níveis da segunda onda europeia, Leany afirma que o modelo de distanciamento controlado prevê fechamentos em caso de quadro mais grave e que, para sensibilizar os gaúchos, o Piratini lançará na semana que vem uma campanha de conscientização – uma demanda de especialistas que clamam para que o governo alerte sobre os riscos de viver uma "vida normal".
— Se a situação não regredir, com o retorno das pessoas a uma vida mais estrita, será preciso restringir atividades para controlar. Sabemos que é impossível restringir 100% a convivência, porque há o ônus psicológico. Mas, enquanto não houver vacina, terão que conviver com um número mínimo de pessoas. A gente vinha fazendo flexibilização quando vinha caindo. Vamos observar para ver se tem que suspender por aqui. O governo pode acionar restrições mais rígidas — diz Leany.