Depois de uma queda no número de casos da covid-19, a França permitirá a reabertura do comércio não essencial a partir do próximo sábado (28) e planeja suspender o confinamento em 15 de dezembro, aguardando o início de uma campanha de vacinação no final do ano.
— Passamos do pico da segunda onda da epidemia — comemorou o presidente francês Emmanuel Macron, que anunciou nesta terça-feira (24), em um discurso transmitido pela televisão à nação, sua estratégia para suspender gradualmente as restrições impostas na luta contra o novo coronavírus.
Para impulsionar a já combalida economia francesa nas semanas que antecedem o Natal, negócios não essenciais - como livrarias, lojas de brinquedos ou lojas de roupas - poderão reabrir a partir de sábado, mas com horário limitado e com um rígido protocolo de saúde negociado com profissionais do setor.
As crianças poderão retomar as atividades extracurriculares ao ar livre a partir da mesma data e os locais de culto poderão reabrir no sábado, mas com um máximo de 30 pessoas.
No entanto, restaurantes e bares - considerados grandes fontes de contágio - permanecerão fechados pelo menos até 20 de janeiro.
Se a situação de saúde continuar a melhorar, o governo francês planeja suspender o confinamento, válido por quase um mês,em 15 de dezembro, e implementar um toque de recolher noturno que vigoraria entre as 21h e as 7h, com exceção das noites de 24 e 31 de dezembro.
A partir de 15 de dezembro, "poderemos nos movimentar novamente sem precisar de autorização, mesmo entre regiões, e passar o Natal com a família", afirmou Macron. Nessa mesma data, cinemas, teatros e museus também poderão reabrir suas portas.
Tudo isso com a condição de que os novos casos diários permaneçam em torno de 5 mil e o número de pessoas em terapia intensiva se mantenha entre 2,5 mil e 3 mil, em comparação aos 20 mil novos casos diários e as 4,3 mil pessoas em terapia intensiva atualmente.
Terceira onda
Embora a França - um dos países europeus mais fortemente atingidos pela covid-19 - tenha ultrapassado 50 mil mortes nesta terça-feira, o vírus parece estar circulando menos rapidamente do que algumas semanas atrás.
— Devemos manter nossos esforços — alertou o presidente francês. — Devemos fazer todo o possível para evitar uma terceira onda, um terceiro confinamento — disse Macron.
Após anúncios sobre a alta eficácia de várias vacinas experimentais, Macron anunciou que uma campanha "rápida e massiva" de imunização será lançada na França no final de dezembro ou início de janeiro para "as pessoas mais vulneráveis", mas que não será obrigatória.
Esta nova etapa no combate à pandemia deve ser realizada "de forma clara e transparente, compartilhando em cada etapa todas as informações, o que sabemos e o que não sabemos", acrescentou.
A Alta Autoridade para a Saúde francesa afirmou na sexta-feira (20) que publicará "por volta de 30 de novembro" suas recomendações finais sobre quem deve ser vacinado como prioridade e depois, "provavelmente em meados de dezembro", seu parecer final sobre a organização da campanha de vacinação, atualmente em consulta pública.
— Vamos fazer uma campanha de vacinação o mais próximo possível da população. As autoridades sanitárias, junto ao Estado e às autoridades locais, vão definir as modalidades práticas de aplicação das vacinas nos hospitais, lares de idosos e todos os médicos da cidade — ressaltou o chefe de Estado.
Para "garantir a segurança sanitária, uma comissão científica ficará encarregada de fiscalizar a vacinação e também será criado um coletivo de cidadãos para envolver mais amplamente a população", acrescentou.
Apenas metade dos franceses afirma estar disposta a ser vacinada contra a covid-19, de acordo com várias pesquisas realizadas sobre o assunto.