Os leitos da unidade de terapia intensiva (UTI) reservados para pacientes com coronavírus atingiram 100% de ocupação na manhã desta quinta-feira (16) no Hospital Conceição, em Porto Alegre. As 44 vagas disponíveis estavam em uso por 43 doentes com diagnóstico confirmado para covid-19 e uma pessoa com suspeita da doença.
A sobrecarga não se limita ao espaço reservado para receber casos da pandemia: os leitos não-covid também apresentavam alto índice de uso na manhã desta quinta, com taxa de 93,5%.
O diretor-técnico do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Francisco Zancan Paz, afirma que a repetição de taxas de lotação superiores a 90% deixa a instituição em estado de alerta e com dificuldades crescentes para seguir dando conta da demanda de doentes graves:
— Estamos preocupados pela continuidade da ocupação em níveis máximos. Estamos chegando ao nosso limite.
O gestor também afirma que os profissionais de saúde estão sentindo a carga excessiva de trabalho das últimas semanas:
— Nossa equipe está extenuada, o pessoal está ficando cansado. E ainda temos várias situações de contaminação (por covid) entre eles, já que o número de surtos segue alto, e isso também nos preocupa.
O cenário difícil se repete em unidades de tratamento intensivo para outros tipos de paciente nas demais unidades do grupo, como no Hospital Fêmina, que estava com 100% das vagas tomadas, e no Cristo Redentor, com taxa de 87%.
O GHC busca meios para aumentar ainda mais a capacidade, mas não há um prazo certo para isso ocorrer ou um detalhamento de que tipo de leitos seriam acrescentados, nem em qual quantidade, em razão de dificuldades para conseguir mais medicamentos, respiradores e profissionais de saúde qualificados.
Como medida paliativa, a instituição ampliou até o dia 22 restrições a outros tipos de atendimento não relacionados à pandemia para tentar reduzir o número de pessoas em circulação.
Até as 12h40min, o painel digital da prefeitura de Porto Alegre indicava uma ocupação geral de 87% nas UTIs da cidade, com 248 pacientes internados com exame positivo para coronavírus. Esses doentes correspondiam a 38% das vagas ocupadas na Capital.