Com pouco mais de cem casos novos de covid-19 por dia, o Amazonas está com 95% dos seus leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e respiradores da rede pública ocupados, admitiu na terça-feira (7) o governo estadual. Na avaliação do Ministério da Saúde, o Amazonas é um dos quatro Estados com indícios de transição para a fase de aceleração descontrolada de casos, ao lado de Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal.
— A taxa de ocupação de 95% (das UTIs) está também correlacionada com o número de respiradores — disse a chefe do departamento de Ações de Saúde da Secretaria de Saúde (Susam), Nayara Maksoud, em entrevista à imprensa.
Na terça, o Amazonas contabilizou 104 novos casos confirmados, chegando a 636 infectados pelo coronavírus, com 23 mortes. Há 256 pacientes com covid-19 internados nas redes privada e pública, tanto em leitos clínicos quanto de UTI, o que representa 40% de todos os casos.
Os novos registros da terça-feira incluem três indígenas da etnia kokama, em Santo Antônio do Içá, município na calha do rio Solimões. Já havia um caso de indígena confirmado na região. A origem do foco é um médico branco da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
Nas UTIs públicas de Manaus, a única cidade com esse recurso no Amazonas, há 18 internados confirmados com o novo coronavírus e outros 41 suspeitos e com quadro de síndrome respiratória aguda grave. Todos precisam de respirador.
— Alguns desses suspeitos em UTI podem estar com algum desses vírus (influenza e outros), o que não torna a situação menos grave. Temos leitos de UTI sendo utilizados por esses pacientes, o que pode dificultar a internação em UTIs por pacientes com covid-19 — afirmou a diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Rosemary Costa Pinto, na mesma entrevista.
Na rede pública de Manaus, há 106 respiradores espalhados por quatro unidades hospitalares, segundo o governo estadual. No Estado, contam-se 500 aparelhos do tipo nas redes privada e estadual, segundo o governo local. Procurado, o governo do Amazonas não explicou qual é a correlação entre o número de leitos de UTI e de respiradores.
Em entrevista à Rede Amazônica, afiliada da TV Globo, o governador Wilson Lima (PSC) disse nesta terça que "temos fôlego para mais uma semana". Para evitar o colapso, o governo está preparando um segundo hospital em Manaus para atender casos de covid-19. A previsão é de começar a receber pacientes dentro de 10 dias.
Na semana passada, o governo instalou dois contêineres frigoríficos para armazenar corpos no hospital Delphina Aziz, a unidade de referência para covid-19 no Amazonas.