Em reunião realizada nesta quarta-feira (11), a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia de coronavírus no mundo.
— Avaliamos que covid-19 pode ser caracterizado como uma pandemia — afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
— A descrição da situação como uma pandemia não altera a avaliação da OMS da ameaça representada por esse coronavírus. Não muda o que a OMS está fazendo nem o que os países devem fazer — acrescentou.
O diretor-geral disse que a organização vem operando no modo de "plena resposta" desde a notificação dos primeiros casos, em janeiro, na China. Trata-se, segundo ele, de uma situação inédita desencadeada por esse tipo de vírus:
– Nunca tínhamos visto uma pandemia causada por um coronavírus. E nunca tínhamos visto, ao mesmo tempo, uma pandemia que pode ser controlada.
O alarme tem sido soado todos os dias, "alto e claro", nas palavras do dirigente. Todos os países têm sido convocados a agir de forma "urgente e agressiva". Repetindo o que havia dito em pronunciamento anterior, Tedros ressaltou que uma simples observação dos números relacionados com a doença não permitem uma avaliação adequada do panorama global.
– De todos os 118 mil casos de covid-19 registrados em 114 países, mais de 90% deles estão em apenas quatro países, e dois países apresentam epidemias em significativo declínio – afirmou.
– Todos os países ainda podem mudar o curso dessa pandemia – acrescentou.
Tedros pediu atenção para a utilização e a interpretação do novo termo:
– Se mal utilizada, a palavra pode provocar medo ou a sensação de que a batalha acabou, levando a sofrimento e mortes desnecessários.
O executivo da OMS acredita que, se todas as nações detectarem, testarem, tratarem, isolarem e mapearem seus casos, mobilizando equipes de atendimento, será possível prevenir que casos isolados acabem se espalhando dentro de famílias e pequenos grupos e depois em meio à comunidade.
— Estamos juntos para fazer as coisas certas com calma e proteger os cidadãos do mundo. É factível — conclamou.
As medidas que vêm sendo tomadas no Irã, na Itália e na Coreia do Sul para desacelerar a transmissão do vírus foram saudadas durante a entrevista coletiva.
— Esta não é apenas uma crise de saúde pública, é uma crise que abalará todos os setores. Portanto, todos os setores e todos os indivíduos devem se envolver nesta luta.
Por fim, Tedros frisou quais são as responsabilidades de cada país: ativar e incrementar os mecanismos de resposta; informar a população sobre os riscos e as formas de prevenção; encontrar, isolar, testar e tratar todos os casos de covid-19 e rastrear as pessoas com quem esses pacientes tiveram contato. Preparar hospitais, treinar profissionais de saúde e proteger uns aos outros também foram iniciativas listadas por Tedros.
— Tem sido dada muita atenção a uma única palavra (coronavírus). Deixe-me lhes dar algumas outras palavras que importam muito mais: prevenção, prontidão, saúde pública, liderança política. E, acima de tudo, pessoas — concluiu.
O Brasil tem 35 casos confirmados de coronavírus. A maior parte está em São Paulo (19), seguido de Rio de Janeiro (8), Rio Grande do Sul (2), Bahia (2), Alagoas (1), Minas Gerais (1), Espírito Santo (1) e Distrito Federal (1). O primeiro caso de coronavírus em Porto Alegre foi confirmado no final da manhã desta quarta-feira (11), um dia depois de a Secretaria Estadual da Saúde anunciar a primeira infecção do Rio Grande do Sul, em um morador de Campo Bom.