A coletiva do Ministério da Saúde desta sexta-feira (26) sobre novos dados do coronavírus no Brasil foi marcada por esclarecimentos em relação ao posicionamento do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia - que no país já matou 92 pessoas.
Nesta semana, o presidente questionou as medidas mundiais de contenção do vírus. Perguntado se alguma das declarações levaria à revisão do planejamento técnico do ministério contra a covid-19, secretário-executivo, João Gabbardo dos Reis, foi taxativo:
— Não vejo sentido (em mudar as medidas), não existe hipótese. Não faremos análises sobre os discursos do presidente. As orientações do Ministério da Saúde seguem as mesmas.
Em seguida, ele citou todas as medidas adotadas e concluiu:
— Não foram modificadas e continuarão as mesmas.
Em diversas cidades do país, decretos municipais de quarentena são discutidos. Nesta sexta-feira , houve manifestações de setores da sociedade que pedem o fim do confinamento social. O protesto tem relação com a campanha "O Brasil não pode parar", que será lançada pelo Planalto nos próximos dias.
O isolamento é uma das principais medidas apontadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como medida de contenção do coronavírus. Em relação à quarentena, o secretário Gabbardo fez um apelo aos brasileiros, ao comparar a pandemia a um incêndio:
— Ajudem com isso.
— Nós estamos na frente de uma casa que está incendiando. Nós temos alternativas para combater este incêndio. Tem gente com extintor, escada, ou equipamentos mais sofisticados. Todos querem combater. Nossa função nessa história é retirar as pessoas que estão lá dentro. O máximo possível. Infelizmente nem todas vão conseguir sair, mas a gente vai tentar retirar todas — comentou Gabbardo.
Já o secretário em vigilância de saúde do ministério, Wanderson Oliveira, voltou a alertar para a ocorrência de outras epidemias no Brasil. Ele ressalta que dengue, chikungunya e influenza (gripe H1N1) ainda terão mais casos e provavelmente ao mesmo tempo que a covid-19, o que causará internações em massa na rede pública de saúde.
— Na China, Itália e Alemanha, a epidemia de influenza aconteceu antes do coronavírus. Por isso, não se viu sobreposição dos casos. Aqui isso provavelmente não vá acontecer — explicou.
Oliveira projetou um aumento na força de produção de testes para detectar o coronavírus na próxima semana. Ele disse que os 27 laboratórios habilitados no país podem chegar a confeccionar 2,7 mil testes por dia, e somados aos 4 mil testes que a Fiocruz terá capacidade, o país alcançará uma oferta de 6,7 mil exames fabricados diariamente.
— Temos que atingir 30 a 50 mil testes produzidos por dia para poder colocar as pessoas de volta para a rua e voltarem a trabalhar — estipulou o secretário Wanderson, que ainda deixou uma mensagem positiva sobre a pandemia:
— Isso é um período passageiro. Não é eterno. Este tempo é curto, e ele vai ser tão curto quanto mais as pessoas tomarem as medidas de precaução.
Assista à coletiva do Ministério da Saúde